Turquia, China e Egito são responsáveis por prender mais da metade de todos os jornalistas
Nova York, 13 de dezembro de 2018 – Pelo terceiro ano consecutivo, ao menos 251 jornalistas estão atrás das grades por seu trabalho, com os regimes autoritários recorrendo cada vez mais à prisão para silenciar as dissidências, apurou o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Em 1º de dezembro de 2018, o CPJ constatou que 251 jornalistas estavam presos por seu trabalho. China, Egito e Arábia Saudita aprisionaram mais profissionais do que no ano passado, ao intensificarem a repressão aos jornalistas locais, e a Turquia continuou sendo o pior carcereiro do mundo pelo terceiro ano consecutivo, com pelo menos 68 pessoas atrás das grades.
Em meio à retórica global contra a imprensa, o censo do CPJ verificou que 70% dos jornalistas foram presos por acusações contra o Estado e 28 acusados de divulgar “notícias falsas” – o segundo é um aumento de nove em 2016. A política foi o tema mais perigoso para a cobertura jornalística, seguido pelos direitos humanos. O número de mulheres jornalistas atrás das grades aumentou, com 33 encarceradas em todo o mundo, incluindo quatro na Arábia Saudita que escreveram sobre os direitos das mulheres. O aumento no número total de jornalistas presos na China este ano é resultado, em parte, da perseguição de Pequim à minoria étnica Uigur.
“O terrível ataque global contra jornalistas que se intensificou nos últimos anos não mostra sinais de diminuir. É inaceitável que 251 jornalistas estejam presos em todo o mundo apenas por cobrir as notícias”, disse o diretor executivo do CPJ, Joel Simon. “O custo mais amplo está sendo suportado por todos aqueles que se importam com o fluxo de notícias e informações. Os tiranos que usam a prisão para infligir a censura não podem ficar impunes.”
O censo de prisioneiros contabiliza apenas jornalistas sob custódia do governo e não inclui aqueles que desapareceram ou são mantidos em cativeiro por atores não-estatais. Casos que incluem jornalistas mantidos pelos rebeldes Houthi no Iêmen e o jornalista ucraniano cativo de separatistas pró-russos na Ucrânia são classificados como “desaparecidos” ou “sequestrados”.
Nos EUA, nenhum jornalista estava preso por seu trabalho em 1º de dezembro, embora nos últimos 18 meses o CPJ tenha documentado ou auxiliado os casos de pelo menos sete jornalistas estrangeiros mantidos em detenção prolongada pela Agência de Imigração e Alfândega (ICE) dos EUA após fugirem de ameaças em seus países de origem.
A lista do CPJ é um instantâneo dos encarcerados às 12h01 de 1º de dezembro de 2018. Não inclui os muitos jornalistas presos e libertados ao longo do ano. Saiba mais sob nossa metodologia.
O relatório do CPJ está disponível em árabe, chinês, inglês, francês, português, russo, espanhol e turco.