Bogotá, 9 de julho de 2013 – As autoridades peruanas devem investigar imediatamente um ataque com explosivos ocorrido em 4 de julho contra as instalações da Rádio Tropicana na cidade de Satipo, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Ninguém ficou ferido, mas as dependências da emissora foram seriamente danificadas, disse ao CPJ o diretor da estação.
“O alarmante atentado contra a Rádio Tropicana requer uma profunda e contundente investigação por parte das autoridades peruanas”, disse em Nova York o coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “A falta de justiça nos ataques contra a imprensa no interior do país tem perpetuado um perigoso ciclo de impunidade no Peru”.
O administrador da Rádio Tropicana, Luis Ángel Ñaupari, contou ao CPJ que estava dormindo em um dos quartos da emissora quando escutou ruídos e logo depois uma explosão, por volta das 3h00. Ñaupari afirmou que o pessoal conseguiu salvar o console principal, o que permitiu que a emissora continuasse no ar.
As informações da imprensa que citam testemunhas indicam que uma motocicleta fugiu pela principal entrada da emissora um pouco antes da explosão.
Ñaupari afirmou ao CPJ que dirige um programa de notícias diário de três horas, “Noticias Tropicana”, que frequentemente informa sobre supostos atos de corrupção de funcionários públicos locais e regionais, e que o ataque poderia estar relacionado à cobertura destes temas. Ele não especificou nenhuma reportagem em particular que pudesse ter provocado o atentado com explosivos. Acrescentou que os três jornalistas da emissora não haviam recebido ameaças previamente, mas que o jornal Perú21, de Lima, havia informado que repórteres da rádio haviam sido pressionados para “mudar a programação”.
A Rádio Tropicana, uma emissora privada, funciona há dois anos em Satipo, cidade de aproximadamente 80 mil habitantes no departamento [estado] central de Junín, e é uma das 16 estações de rádio que operam na região, acrescentou Ñaupari.
A polícia declarou que está investigando o ataque e descartou terrorismo ou vingança como motivos, segundo as informações da imprensa. Integrantes do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso ainda estão presentes na região, de acordo com as reportagens.
Os jornalistas do interior que informam sobre corrupção governamental têm sido alvo de reiterados ataques no Peru, segundo a pesquisa do CPJ. Dois jornalistas foram alvo de ataques não letais cometidos por agressores não identificados em 2013.
- Para mais informações e análises, visite a página do CPJ sobre o Peru.