Nova York, 26 de junho de 2012 – as autoridades peruanas devem investigar o violento ataque contra um jornalista televisivo e ajuizar os responsáveis, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Jaime Núñez del Prado, que trabalha na Calca TV no povoado de Calca, província de Cusco, no centro do país, estava apresentando em 17 de junho seu programa matinal de notícias, “La Outra Verdad”, quando três homens e uma mulher invadiram o estúdio, informou a imprensa. O jornalista informou ao CPJ que estava apresentando uma reportagem sobre um suposto caso de corrupção relacionado com jazidas de areia pertencentes à cidade quando ocorreu o ataque. Os agressores desferiram socos e pontapés repetidamente em sua cabeça até que ficasse inconsciente, afirmou o apresentador ao CPJ. Núñez, que foi hospitalizado por cinco dias, disse que seu nariz foi quebrado e que possuía ferimentos nas costas.
Núñez identificou um dos agressores como Jacinto Madera, que fornecia areia para projetos de obras públicas da cidade e também é amigo próximo de Ciriaco Condori Cruz, prefeito de Calca. O jornalista afirmou ao CPJ acreditar que o ataque tenha sido em represália às reportagens críticas sobre Condori que, segundo informações da imprensa, enfrenta várias investigações por abuso de poder. Núñez assinalou que, em seus programas, havia acusado o prefeito de malversação de fundos públicos e outros atos de corrupção.
Condori não respondeu aos telefonemas do CPJ em busca de comentários sobre as acusações, mas o prefeito disse ao jornal Peru21 que a briga resultou de uma disputa pessoal entre o jornalista e Madera. Este último afirmou a uma rádio local que havia entrado no estúdio da TV, mas que o jornalista o havia atacado e ele reagido em legítima defesa, contou Núñez ao CPJ.
O jornalista disse ao CPJ que Madera e seu filho foram detidos pela polícia em 17 de junho e acusados de invasão e agressão, mas que foram liberados enquanto o caso está em curso.
“A agressão contra Jaime Núñez del Prado é parte de uma sucessão de incidentes similares contra jornalistas provinciais no Peru”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “As autoridades não podem permitir que um jornalista seja impunemente atacado em seu local de trabalho”.
Núñez, que prestou queixa no escritório local do Promotor-Geral, afirmou que é a terceira vez que foi atacado em retaliação por suas reportagens críticas. Disse ao CPJ que foi baleado por pistoleiros em 4 de outubro de 2010 em um estúdio da Radio Color, uma afiliada da TV Calca.
Os repórteres provinciais têm sido alvos frequentes no Peru. Em 2011, um jornalista foi morto em represália por seu trabalho, enquanto outros dois foram assassinados em circunstâncias obscuras.