PERÚ: O CPJ saúda as sentenças condenatórias no caso do assassinato de jornalista

Nova York, 16 de dezembro de 2005 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) saúda as sentenças condenatórias ditadas por um tribunal peruano no caso do assassinato do jornalista de rádio Antonio de la Torre Echeandía, ocorrido em Yungay, localizada em Áncash, na região norte do país.

Em 15 de dezembro, a Corte Superior de Justiça de Áncash declarou o ex-prefeito de Yungay, Amaro León, culpado da autoria intelectual do assassinato a facadas do jornalista, perpetrado em fevereiro de 2004; e sentenciou León a 17 anos de prisão, segundo informações do Instituto Imprensa e Sociedade (Instituto Prensa y Sociedad – IPYS), com sede em Lima, e a imprensa local. De la Torre Echeandía, de 43 anos, era um duro crítico da gestão de León, a quem acusava de nepotismo e corrupção.

O tribunal também condenou outros dois acusados de cumplicidade a uma pena de 17 anos de prisão. A Procuradoria havia solicitado pena de 20 anos de cárcere para todos os acusados. Os advogados de León apelaram da sentença.

Os três acusados também devem pagar 20,000 soles (6.000 dólares norte-americanos) à família do jornalista como indenização, em um processo civil. Um quarto participante teve sua acusação anulada como benefício por sua colaboração com as investigações. O tribunal adiou a sentença de dois outros acusados – a filha de León e o suposto pistoleiro – que estão foragidos da justiça.

“Ainda que saudemos as condenações, dois dos implicados não foram capturados”, declarou Ann Cooper, diretora-executiva do CPJ. “Fazemos um apelo às autoridades peruanas para que se assegurem de que todos os acusados sejam levados à justiça”.

A esposa do jornalista, Dina Ramírez, denunciou haver recebido ameaças de morte por parte do cunhado de León, Juan Martínez Julca, quando se encontrava no tribunal para conhecer o veredicto, informou o diário de Lima La República. “Veio festejar, agora vou te matar”, disse a Ramírez, segundo o La República. Ramírez já havia recebido ameaças de familiares dos acusados, de acordo com o IPYS.

De la Torre, apresentador do informativo “El Equipe de la Noticia“, na Radio Órbita, foi assassinado em 14 de fevereiro de 2004 ao sair de uma festa. Segundo informações da imprensa local, no trajeto para o hospital de la Torre identificou um de seus agressores como “El Negro“, apelido de Hipólito Casiano Vega, que trabalhava como chofer para o município de Yungay. A polícia prendeu Vega e dois outros funcionários municipais, Antonio Torre Camones e Pedro Ángeles Figueroa, como cúmplices do assassinato.

De la Torre era um duro crítico de seu antigo amigo e prefeito de Yungay, Amaro León, a quem acusava de irregularidades, nepotismo e corrupção. Em 2002, de la Torre havia sido chefe da campanha eleitoral de León, informou La República. Quando León ganhou as eleições, nomeou de la Torre titular do Escritório de Imagem Institucional do município. No entanto, os dois se distanciaram três meses depois de iniciada a gestão de León, quando de la Torre renunciou após detectar supostos atos de corrupção, segundo o La República.

Em março de 2004, a pedido da Procuradoria Provincial Mista de Yungay, um tribunal de Áncash ordenou a detenção de León e sua filha, Emma León, por conspiração para assassinar de la Torre, em uma tentativa de silenciá-lo. O prefeito León foi encarcerado na prisão de Huaraz, na capital de Áncash. Com a emissão dos mandatos de prisão, a filha de León e o suposto pistoleiro, Moisés David Julca, fugiram.

Julio César Giraldo Ángeles, proprietário da Rádio Órbita, disse que de la Torre havia recebido ameaças e sido alvo de ataques em várias ocasiões. Em outubro de 2003, indivíduos não identificados lançaram um artefato explosivo de fabricação caseira contra a residência do jornalista durante a madrugada, acrescentou Giraldo. De la Torre também havia recebido várias mensagens anônimas antes de morrer, segundo Giraldo.

Em fevereiro de 2005, o Tribunal Misto de Yungay determinou que existiam indícios suficientes para responsabilizar León e os outros cinco implicados no assassinato do jornalista. Em maio deste ano, a Corte Superior de Justiça de Áncash iniciou o julgamento de todos os implicados.

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