São Paulo, 25 de setembro de 2018 – A polícia do estado do Ceará deve agir rapidamente para levar à justiça os pistoleiros que feriram o proprietário e comentarista Sandoval Braga e garantir a segurança dos funcionários da Rádio União FM 96.5, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Braga, de 62 anos, foi baleado na perna em 21 de setembro no que a polícia descreveu como uma tentativa “fria e calculada” de impedi-lo de falar sobre questões políticas em Jaguaruana, uma cidade de cerca de 32 mil pessoas no nordeste do Brasil.
“As emissoras de rádio locais são fontes cruciais de informação para suas comunidades e ajudam a manter seus ouvintes informados sobre os acontecimentos políticos e eventos que impactam suas vidas” disse, em Nova York, Natalie Southwick, Coordenadora do Programas das Américas Central e do Sul do CPJ. “As autoridades do Ceará devem agir rapidamente para garantir a segurança de Sandoval Braga e seus colegas, e levar os responsáveis por este ataque à justiça.”
Dois agressores mascarados invadiram a garagem do estúdio por volta das 15h40 quando Braga fechava a porta, disse o radialista ao CPJ em uma entrevista por telefone de sua cama de hospital. Eles forçaram Braga a deitar no chão, enquanto pelo menos dois cúmplices esperavam do lado de fora em um carro.
Um dos atacantes atirou em Braga na perna e disse: “É para você ficar quieto e parar de falar lixo no rádio”, disse Braga. “Eles vieram para enviar uma mensagem”, afirmou ele. “Se eles quisessem me matar, eles teriam.”
Ricardo Romcy, o principal investigador do caso, contou que testemunhas viram os agressores dirigirem ao redor do local onde se localizava do prédio em um Volkswagen Gol G5 vermelho várias vezes para garantir que a frente estivesse livre.
Um funcionário da emissora de rádio chamou uma ambulância e Braga foi levado às pressas para o hospital onde foi operado. A bala atingiu sua tíbia, mas Braga disse que está se recuperando bem.
Braga, que fundou a Rádio União em 2007, costuma participar diariamente das 11h00 às 13h00 do programa apresentado por Inaldo Lima. Este lê as notícias e Braga faz comentários políticos.
“Ele nunca foi ameaçado antes”, disse Lima ao CPJ em uma conversa telefônica. “Ele está sempre falando sobre o governo local e questões políticas e sabemos que isso foi feito por razões políticas.”
A polícia que está investigando o caso concordou com essa avaliação.
“O ataque foi frio e calculado”, disse Romcy a Lima em uma entrevista transmitida em 22 de setembro. “O crime estava realmente comprometido em tentar acabar com a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão do repórter da rádio e não podemos aceitar isso sob quaisquer circunstâncias.”
Lima disse que a Rádio União, que tem cerca de sete funcionários e transmite 24 horas por dia, já abandonou sua política liberal de permitir aos ouvintes e visitantes acesso fácil ao seu prédio. Eles contrataram um guarda de segurança armado e estão examinando os visitantes antes de permitir sua entrada.
“Vamos reforçar nossa segurança aqui e nossa própria segurança pessoal”, disse Lima. “Estamos todos muito angustiados com o que aconteceu. Estamos todos com medo e eu estaria mentindo se dissesse que não estava. Mas esta é a nossa profissão. Esta é a nossa missão e sabemos dos riscos.”