CPJ preocupado com estado de saúde de jornalista

Nova York, 23 de abril del 2003—O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, por sua sigla em inglês) está extremamente preocupado pela deterioração do estado de saúde de Oscar Espinosa Chepe, jornalista independente que se encontra preso no quartel general do Departamento de Segurança do Estado (DSE), a polícia política cubana. O jornalista foi preso em 20 de março.

Espinosa Chepe, 62, escreveu numerosos artigos sobre a economia cubana para a página de Internet Cubanet (www.cubanet.org), com sede em Miami; e para o diário digital Encuentro en la red (www.cubaencuentro.com), com sede em Madri. Conhecido crítico do embargo econômico norte-americano contra Cuba, o jornalista também tinha um programa semanal que era gravado em Cuba e transmitido pela Radio Martí, emissora com sede em Miami financiada pelo governo norte-americano e que envia seu sinal para Cuba.

Espinosa Chepe sofre de várias enfermidades, entre elas hepatite crônica, hipertensão arterial e insuficiência hepática. Segundo sua esposa, a jornalista independente Miriam Leiva, Espinosa Chepe divide uma pequena cela, mal iluminada e pouco ventilada, com outras três pessoas. Como resultado do encarceramento, a saúde do jornalista se deteriorou rapidamente. Apresenta icterícia, está com as pernas inchadas e perdeu cerca de 13 quilos. Ainda que os médicos tenham ministrado medicamentos para a hipertensão, as autoridades ignoraram outras doenças e se negaram a entregar-lhe os medicamentos que sua esposa levou.

Em 18 de abril, Leiva visitou seu marido em companhia da Dra. Ileana Prieto Espinosa, que é sobrinha do jornalista e acompanha seu estado de saúde há anos. De acordo com Prieto Espinosa, o jornalista agora tem sintomas agudos de insuficiência hepática. Ela recomendou que o jornalista fosse assistido imediatamente por um especialista e levado a um hospital para receber tratamento.

Leiva esclareceu ao CPJ que alertou reiteradas vezes aos oficiais do DSE sobre a deterioração do estado de seu marido. Em 20 de abril, ela recebeu uma ligação de um oficial do DSE que a informou que seu marido foi transladado para um hospital militar de Havana. Leiva assinalou que o DSE se negou a dar informações sobre o estado de saúde do marido. Quando ela ligou para o hospital militar para obter informações, os médicos se negaram a responder, com o argumento de que necessitavam permissão do DSE para fornecer informações sobre a saúde do jornalista.

Em 21 de abril, oficiais do DSE lhe disseram que haviam levado seu marido ao hospital militar para submete-lo a exames médicos, e que ela podia visitá-lo no dia 22 de abril. Ontem, durante a visita de 30 minutos, Leiva se soube que Espinosa Chepe não havia recebido tratamento nem havia efetuado nenhum exame. Quando Leiva se dirigiu ao médico que atendeu o jornalista, ele respondeu que podia prescrever exames médicos, mas como Espinosa Chepe estava sujeito a translado imediato, os exames podiam não ser realizados. Leiva teme que a saúde de Espinosa Chepe se agrave irreversivelmente se o levarem de volta à prisão.

Espinosa Chepe é um dos 28 jornalistas independentes cubanos que foram presos como parte de uma campanha governamental contra a oposição e a imprensa independente no mês de março. Sua casa foi revistada em 19 de março e ele foi detido na manhã do dia 20. Um tribunal o sentenciou a 20 anos de prisão em 7 de abril, por cometer atos contra “a independência ou a integridade territorial do Estado” (artigo 91 do Código Penal) e por violar a Lei 88 de Proteção da Independência Nacional e da Economia de Cuba (Protección de la Independencia Nacional y la Economía de Cuba, em espanhol).