Pistoleiro condenado por assassinato do jornalista brasileiro em 2013

Nova York, 24 de junho de 2015 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) expressa sua satisfação pela condenação na sexta-feira do atirador responsável pelo assassinato, em 2013, do jornalista brasileiro Rodrigo Neto e insta as autoridades a garantir que todos os responsáveis, incluindo o mandante, sejam levados à justiça.

“O assassinato de Rodrigo Neto exemplificou a arraigada impunidade no Brasil, e o CPJ saúda cada passo na direção da justiça em seu caso”, disse o coordenador sênior do programa do CPJ para as Américas, Carlos Lauría. “As autoridades devem aproveitar esse momento para identificar e processar o mandante e, em seguida, desdobrar seus esforços para fazer justiça em mais de uma dezena de casos de jornalistas brasileiros assassinados nos últimos anos.”

Neto foi morto a tiros em 8 de março de 2013 por um homem que estava na traseira de uma motocicleta, de acordo com reportagens da imprensa. O jornalista morreu em um hospital em Ipatinga, no estado de Minas Gerais, sudeste do país. Neto foi apresentador do programa “Plantão Policial” na Rádio Vanguarda em Ipatinga e tinha começado a trabalhar como repórter para o jornal Vale do Aço uma semana antes do ataque. Ele frequentemente recebia ameaças, especialmente por sua cobertura de casos em que policiais eram suspeitos de envolvimento em assassinatos locais, disse na época ao CPJ Fernando Benedito Jr,  jornalista em Ipatinga e amigo de Neto.

Um tribunal condenou Alessandro Neves Augusto, conhecido como “Pitote”, a 16 anos de prisão sob a acusação de levar a cabo o assassinato de Neto, segundo informações da imprensa. Neves já estava sob custódia no momento de sua sentença. Em agosto de 2014, o ex-policial Lúcio Lírio Leal foi condenado a 12 anos de prisão por participação no planejamento do assassinato de Neto, segundo o noticiado. Os dois homens negam as acusações e Neves alegou que estava sendo enquadrado pela polícia, de acordo com reportagens.

As autoridades ainda estão investigando para determinar o motivo e o mentor, segundo informações da imprensa.

Neves também foi acusado de assassinar, em abril de 2013, Walgney Assis Carvalho, fotógrafo freelance da editoria de polícia que também contribuiu para o Vale do Aço, de acordo com informações da imprensa. Seu julgamento, nesse caso, começa em agosto, segundo as reportagens.

Em seu depoimento no tribunal no caso de Neves, o chefe de polícia Emerson Morais disse acreditar que Carvalho tenha sido morto porque aparentemente o jornalista havia dito a pessoas que sabia quem tinha matado Neto, segundo informações da imprensa. Morais disse que as autoridades estavam investigando reportagens críticas de Neto como a principal linha de investigação.

O CPJ tem documentado um aumento acentuado da violência letal contra a imprensa no Brasil nos últimos anos. Pelo menos 14 jornalistas foram mortos em represália direta por seu trabalho desde 2011, segundo o CPJ. Enquanto o Brasil alcançou um impressionante número de condenações nos últimos anos  – seis nos últimos dois anos, incluindo estes dois casos mais recentes – a violência em curso levou o país a ficar em 11 º lugar no Índice de Impunidade 2014 do CPJ, que destaca os países onde jornalistas são assassinados e seus homicidas ficam impunes.

Em reunião com uma delegação do CPJ em maio de 2014, a presidente Dilma Rousseff comprometeu-se a continuar a luta contra a impunidade nos casos de jornalistas mortos. Rousseff disse ao CPJ que sua administração iria implementar um mecanismo para evitar ataques fatais, proteger os jornalistas sob risco iminente, e apoiar os esforços legislativos para federalizar os crimes contra a liberdade de expressão. Rousseff disse que sua administração tem vontade política para atingir o objetivo de “impunidade zero” em assassinatos de jornalistas.