Manifestantes em frente ao Ministério da Justiça do Brasil, em Brasília, em 14 de junho de 2022, seguram cartazes em apoio ao jornalista britânico Dom Phillips e ao especialista indígena Bruno Pereira, que desapareceram enquanto faziam reportagens na Amazônia. (Reuters/Adriano Machado)

Autoridades brasileiras confirmam descoberta de restos humanos na busca pelo jornalista Dom Phillips e do especialista indígena Bruno Pereira

Rio de Janeiro, 15 de junho de 2022 – O Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), expressou na quarta-feira seu profundo pesar pelas notícias de que foram encontrados restos humanos na Amazônia brasileira durante a busca pelo jornalista Dom Phillips e pelo especialista indígena Bruno Pereira, e pediu às autoridades que realizassem uma análise forense e uma investigação abrangentes sobre o caso.

Phillips e Pereira desapareceram na manhã de domingo, 5 de junho, durante uma viagem para a realização de reportagens na região do Vale do Javari, no estado do Amazonas, para o livro de Phillips sobre a floresta amazônica.

Na quarta-feira, 15 de junho, o superintendente da Polícia Federal do estado do Amazonas, Eduardo Fontes, anunciou em uma entrevista coletiva na capital do estado, Manaus, que foram encontrados restos humanos na Amazônia no início daquele dia.

Segundo Fontes, Amarildo da Costa Oliveira, também conhecido como “Pelado”, suspeito que havia sido preso na semana anterior, confessou na noite de terça-feira os assassinatos de Phillips e Pereira. Fontes disse que o suspeito levou as equipes de busca ao local onde os restos mortais foram encontrados na manhã de quarta-feira.

” A gente acredita que, pela confissão do criminoso e o local onde [os restos mortais] foram encontrados, sejam eles [Phillips e Pereira]. Mas só a perícia vai poder dizer com 100% de certeza”, afirmou Fontes.

“O CPJ está profundamente entristecida pelas informações que indicam que o jornalista britânico Dom Phillips e o especialista indígena Bruno Pereira foram assassinados enquanto trabalhavam na Amazônia, e pede às autoridades brasileiras que garantam uma análise forense oportuna e, se suas mortes forem confirmadas, que investiguem minuciosamente seus homicídios e levem todos os responsáveis à justiça”, disse Natalie Southwick, coordenadora do programa do CPJ para a América Latina e Caribe, em Nova York. “Seus entes queridos, colegas e o público merecem saber o que aconteceu com Dom e Bruno e porque eles não estão em casa com suas famílias neste momento”.

A polícia do Amazonas prendeu “Pelado” em 7 de junho por posse ilegal de drogas e munições e, em 9 de junho, a Vara Única de Atalaia do Norte determinou sua prisão preventiva como suspeito de participar do desaparecimento de Phillips e Pereira, de acordo com as reportagens veiculadas.

No dia 14 de junho, a polícia prendeu Oseney da Costa de Oliveira, irmão de “Pelado”, como suspeito do desaparecimento, de acordo com informações da imprensa.

Fontes disse que os restos foram encontrados em um local “de dificílimo acesso”. Ele afirmou que as provas seriam enviadas na quinta-feira para o instituto forense para identificação, o que poderia levar alguns dias.

Guilherme Torres, delegado da Polícia Civil do estado do Amazonas, informou durante a coletiva de imprensa que “Não descartamos a hipótese de outras pessoas estarem envolvidas. Temos muito a fazer em termos do inquérito policial para coletar evidências da materialidade e indício de autoria”.

Fontes explicou que “Pelado” confessou ter afundado o barco de Phillips e Pereira em um rio e que as equipes de busca localizaram o local onde a embarcação supostamente afundou, mas não conseguiram recuperá-la na quarta-feira.

Em 12 de junho, as equipes de busca haviam encontrado roupas e uma mochila que pertenciam à Phillips e Pereira, de acordo com reportagens

Phillips, jornalista britânico freelancer residente no Brasil, havia feito reportagens para o The Guardian, Financial Times, Washington Post e New York Times, abordando mineração ilegal, desmatamento e questões de direitos humanos na Amazônia.