Nova York, 1٥ de maio de 2012 – As autoridades brasileiras devem investigar imediatamente o ataque contra a residência de um radialista na madrugada de sábado e garantir que os responsáveis sejam levados à justiça, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Vinícius Henriques e sua família estavam dormindo no momento dos disparos e ninguém ficou ferido, segundo as informações da imprensa.
Pistoleiros não identificados atiraram contra a casa de Henriques por volta das 3h00 de sábado em João Pessoa, capital do estado da Paraíba no nordeste do país, segundo as reportagens. Vizinhos disseram aos jornalistas que viram homens em motocicletas esperando em frente à residência por quase uma hora antes de atirarem várias vezes e fugirem, de acordo com a imprensa. O ataque danificou o portão da casa e o carro do repórter, informou a imprensa.
Henriques, policial aposentado, trabalha há mais de uma década na rádio Arapuan FM, onde faz reportagens policiais e apresenta o programa “Rota da Notícia”, informou a imprensa. Henriques disse a repórteres que suspeitava que membros do crime organizado estivessem por trás do ataque, que estaria ligado a uma de suas reportagens. “Não quero atribuir esse atentado a ninguém, mas o alvo era eu, fizeram isso para me intimidar, porque só falo a verdade, não tenho medo de nada e de ninguém”, citou a reportagem.
O Brasil tem enfrentado uma onda de violência contra a imprensa ultimamente. Três jornalistas foram mortos no país este ano, ao menos um em represália por seu trabalho, de acordo com a pesquisa do CPJ. Em 2012, o Brasil apareceu pelo segundo ano consecutivo no Índice de Impunidade do CPJ.
“O recente aumento da violência contra a imprensa no Brasil é muito preocupante, particularmente à luz da ação das autoridades para fazer justiça nestes casos”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “As autoridades brasileiras devem garantir a segurança dos jornalistas críticos, e podem enviar uma mensagem clara de suas intenções ao investigar por completo este ataque contra Vinícius Henriques”.
Reportagens realizadas no dia do ataque dão conta que um jornalista que trabalha para a emissora de TV do mesmo grupo da Arapuan FM foi identificado como potencial alvo de traficantes de drogas. O secretário de segurança do estado disse que o serviço de inteligência da polícia havia chegado à informação, por meio de escutas telefônicas, de que Anacleto Reinaldo, apresentador da TV Arapuan, estava na ‘lista da morte’ de um traficante local. Não está claro se os dois incidentes estão ligados.
- Para mais informações e análises sobre o Brasil, consulte o informe do CPJ Ataques à Imprensa.