Fotógrafo que cobria criminalidade é assassinado a tiros, repórter fica ferido

Nova York, 17 de fevereiro de 2009 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) pediu hoje a realização de uma completa e profunda investigação sobre o ataque a tiros ocorrido na sexta-feira, dia 13, contra dois jornalistas mexicanos. Um indivíduo não identificado assassinou um fotógrafo e feriu uma repórter na cidade de Iguala, no sul do estado de Guerrero, de acordo com as matérias divulgadas pela imprensa internacional. 

O fotógrafo Jean Paul Ibarra Ramírez, de 33 anos, do jornal El Correo foi atingido por três tiros e morreu no local do crime. A repórter Yenny Yuliana Marchán Arroyo, 22 anos, do Diario 21 foi ferida por três tiros nas pernas e seu estado de saúde permanece estável. O CPJ está investigando possíveis vínculos entre a ofensiva e o trabalho informativo dos jornalistas.

Por volta das 22h00, ambos se encaminhavam para a cobertura de um acidente automobilístico, segundo os informes da imprensa. Um veículo utilitário esportivo se aproximou da motocicleta onde viajavam os repórteres e um indivíduo não identificado disparou contra eles. O assassino desceu do veículo e disparou contra a cabeça de Ibarra, ignorando Marchán, de acordo com o relatado pela polícia ao CPJ. A polícia acrescentou que não possui pistas sobre o crime.

“Estamos desolados com a morte de Jean Paul Ibarra Ramírez e exortamos as autoridades a levarem os responsáveis perante a Justiça” declarou Carlos Lauría, Coordenador Sênior do Programa das Américas do CPJ. “O México deve pôr fim à impunidade que cerca os crimes contra jornalistas”. 

A polícia informou que a arma utilizada na sexta-feira era uma pistola calibre 45, uma arma de fogo autorizada para uso exclusivo do exército mexicano. Sua utilização converte o ataque em um crime federal e poderia envolver o Promotor Especial para Crimes contra Jornalistas, disse ao CPJ uma fonte da Procuradoria Geral da República.

Atualmente, a Câmara de Deputados mexicana está apreciando uma proposta que converteria os crimes contra a liberdade de expressão em delito federal, um compromisso assumido com uma delegação do CPJ pelo presidente Felipe Calderón, em junho. “Está na hora de os líderes do Congresso adotarem uma ação oportuna e assegurarem que todos os mexicanos, incluindo os jornalistas, tenham uma estrutura legal mais apropriada para proteger o direito básico à liberdade de expressão”, afirmou Lauría.

Jornalistas de Iguala disseram ao CPJ que Ibarra adorava seu trabalho como repórter fotográfico, cobrindo a editoria de polícia. Os repórteres disseram que Ibarra, como muitos outros jornalistas da região, não cobria histórias sobre narcotráfico nem corrupção policial para evitar o perigo. Marchán graduou-se recentemente em comunicação. Quatro dias por semana, escreve um artigo sobre opinião pública e, uma vez por semana, cobre criminalidade para o Diario 21.

O sindicato regional de jornalistas escreveu uma carta ao governador Zeferino Torreblanca pedindo que as autoridades atuem com agilidade para avançar na investigação sobre o ataque. O sindicato declarou não querer que “as investigações se tergiversem” como afirma ter acontecido no caso de Amado Ramírez, um repórter da Televisa que foi assassinado em abril de 2007 em Acapulco, no mesmo estado. Uma investigação do CPJ sobre o assassinato questionou a incompetência do trabalho policial, assim como a prematura eliminação da represália pelo trabalho informativo de Ramírez como possível motivo do crime.

Segundo o informe anual do CPJ, Ataques à Imprensa em 2008, o México é um dos países mais perigosos do mundo para a imprensa. Desde 2000, 25 jornalistas – incluindo Ibarra – foram assassinados, ao menos oito deles em represália direta por seu trabalho informativo. Além disso, sete jornalistas desapareceram desde 2005.