A 21 de julho de 2021, um oficial da Guarda Costeira da Guiné-Bissau agrediu e deteve Emerson Gomes, apresentador e jornalista estagiário da Rádio Comunitária Djan-Djan em Bubaque, cidade do arquipélago de Bijagós, acusando o canal de difusão de notícias falsas, segundo uma reportagem da imprensa e Gomes, que falou com o CPJ por telefone.
Gomes disse ter tentado acabar com uma briga entre frequentadores de uma festa após deixar uma função social por volta das 2 da manhã. Depois de alguém ter identificado Gomes como jornalista, um oficial da Guarda Costeira que estava no grupo questionou se ele era “um jornalista daquela rádio que espalha notícias falsas”, relatou Gomes. Antes de poder responder, o oficial, que mais tarde ele descobriu que se chamava Emitério Nagana, deu-lhe um murro no olho, declarou o jornalista.
“Caí no chão”. Estava a sangrar bastante da ferida no meu olho. Ele continuou a dar-me pontapés e socos até que as pessoas intervieram”, contou Gomes ao CPJ. Nagana, que estava em traje civil, continuou arrastando-o “coberto de sangue” para a estação da Guarda Costeira de Bubaque a cerca de 10 minutos de distância, disse Gomes.
“Perdi um sapato pelo caminho e o meu telemóvel que também uso para o trabalho”, informou Gomes, acrescentando que Nagana o manteve no posto e que ameaçou “bater-me de novo se eu fizesse algum barulho”.
Gomes foi libertado por volta das 6 da manhã, após a chegada do chefe de operações da Guarda Costeira de Bubaque que lhe pediu desculpas, disse ao CPJ, que não conseguiu confirmar seu nome.
Gomes foi mais tarde tratado primeiro no Hospital Marcelino Banca em Bubaque pela lesão do seu olho e tonturas, segundo o jornalista e um relatório médico revisto pelo CPJ. Foi então enviado para o Hospital Nacional Simão Mendes em Bissau, a capital, que o encaminhou para um especialista da cidade para tratamento posterior.
Duarte Ialá, comandante da Guarda Costeira da Guiné-Bissau, confirmou por telefone ao CPJ que Nagana foi detido durante uma semana como castigo pelo seu alegado ataque a Gomes. A Guarda Costeira ainda está a conduzir um inquérito disciplinar interno sobre o incidente, disse Ialá, acrescentando que essas ações mostram que as autoridades guineenses não toleram a violência contra jornalistas e cidadãos em geral.
Gomes informou que Ialá pediu desculpa pela agressão de Nagana, um dos seus subordinados, e forneceu 50.000 francos CFA (90 dólares norte-americanos) para as suas despesas médicas. Gomes disse que ainda tinha contas médicas pendentes devido ao espancamento, que ele afirmou que “nunca deveria ter acontecido e foi um abuso de poder”.