O jornalista José Airton Alves Júnior foi recentemente agredido após reportar sobre figuras da política local em Itarema, Brasil. (Foto: José Airton Alves Júnior)

Jornalista brasileiro agredido e ameaçado por cobertura política

Por volta das 14:30 de 21 de outubro de 2020, dois homens entraram na casa do jornalista José Airton Alves Júnior na cidade de Itarema, no nordeste do estado do Ceará, o socaram e chutaram várias vezes e o ameaçaram, segundo reportagens da imprensa e informações do jornalista, que falou ao CPJ em entrevista por telefone.

Alves Júnior disse ao CPJ que estava em casa com sua esposa e três filhas quando os dois homens entraram e o encontraram em seu quarto.

“Eles me deram chutes e pontapés. Tentaram me arrastar para fora de casa. Minha esposa tentou impedir e empurraram ela. Minha filha saiu para a rua gritando e os vizinhos vieram ver o que era”, contou ao CPJ, dizendo que os homens fugiram depois que os vizinhos chegaram.

Alves Júnior cobria política local e notícias gerais em diversas rádios desde 1992, mais recentemente na rádio local Rádio Liberdade, de onde saiu em junho, disse ao CPJ. Ele dirige o portal de notícias on-line “Portal Santana / Itarema”, que aborda os mesmos temas, e hoje é o principal veículo de suas reportagens, explicou.

Alves Júnior disse ao CPJ que conseguiu identificar os dois homens que o agrediram: José Edson Rios Filho, marido de uma autoridade local, e Dion Veras, conhecido da família dessa autoridade.

Rios Filho acusou Alves Júnior de “falar da minha mulher na internet” e deu-lhe um soco no rosto, cabeça e costas, contou o jornalista ao CPJ. Os dois homens foram embora após a chegada dos vizinhos do jornalista, e Rios Filho o ameaçou dizendo: “da próxima vez eu venho para te matar”.

Alves Júnior disse ao CPJ que teve hematomas pelo ataque e foi a um hospital local para fazer exames, mas os ferimentos não foram graves.

Alves Júnior afirmou que se manifestou sobre possíveis questões éticas envolvendo a esposa de Rios Filho, Rosa Monteiro, que é funcionária e irmã do prefeito de Itarema, e acredita que o ataque foi uma retaliação a uma postagem que publicou no início do dia no Portal Santana / Itarema destacando esses vínculos.

O Secretário de Segurança Pública do Ceará enviou um e-mail ao CPJ em 27 de outubro informando que a polícia havia concluído a investigação do caso e encaminhado ao judiciário local.

Em nota à polícia, Veras disse que Rios Filho perguntou a Alves Júnior sobre sua denúncia e o empurrou, mas negou que tenha feito ataques ou ameaças mais graves, segundo documentos policiais revisados ​​pelo CPJ.

Em 11 de novembro, o Ministério Público do Ceará enviou um e-mail ao CPJ informando que havia recebido o inquérito policial e solicitado novas investigações sobre o caso.

O CPJ enviou um e-mail à prefeitura de Itarema solicitando comentários do prefeito Elizeu Monteiro, da secretária Rosa Monteiro e de José Edson Rios Filho, mas não obteve resposta. O CPJ não conseguiu as informações para entrar em contato com Veras.