Medellín, 4 de outubro de 2018 – A Câmara Nacional Criminal do Peru absolveu hoje o ex-ministro do Interior e atual candidato a prefeito Daniel Urresti das acusações de assassinato do correspondente de guerra Hugo Bustíos, em 1988, segundo informações da imprensa. Um advogado da família Bustíos disse que eles apelariam, segundo as reportagens.
“O CPJ está extremamente desapontado com a absolvição de Daniel Urresti”, disse Natalie Southwick, coordenadora do Programa das Américas Central e do Sul do CPJ. “A família e os colegas de Hugo Bustíos já esperaram 30 anos por justiça pelo seu assassinato e agora precisam continuar aguardando. A decisão de hoje é um grande retrocesso na luta contra a impunidade no Peru e um golpe para a segurança dos jornalistas”.
Antes de ser morto, Bustíos, repórter da revista Caretas, de Lima, e presidente da Associação Nacional de Jornalistas da cidade de Huanta, investigava abusos contra a população civil perpetrada pelas forças armadas peruanas em Ayacucho, segundo a pesquisa do CPJ.
O CPJ, a Human Rights Watch e o Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (CEJIL) levaram o caso perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que em 1997 considerou o Estado peruano responsável pelo assassinato de Bustíos. Em 2007, um tribunal peruano decidiu que o comandante da base militar de Huanta e outro oficial eram culpados de matar Bustíos. Em fevereiro de 2015, Urresti, chefe da inteligência na base de Huanta em 1988, foi formalmente acusado de homicídio. Em setembro daquele ano, o CPJ publicou um relatório especial sobre as acusações contra ele. Em outubro do mesmo ano, Urresti retirou sua candidatura para a disputa presidencial de 2016.