Um manifestante lança uma lata de gás lacrimogêneo de volta à polícia em Caracas, 2 de maio de 2017. (Reuters / Carlos Garcia Rawlins)
Um manifestante lança uma lata de gás lacrimogêneo de volta à polícia em Caracas, 2 de maio de 2017. (Reuters / Carlos Garcia Rawlins)

Dois trabalhadores da mídia detidos na Venezuela

Bogotá, Colômbia, 2 de maio de 2017 – As autoridades venezuelanas devem liberar imediatamente Marcos Vergara e Deivis Valera, assistentes de produção da plataforma de mídia on-line VivoPlay, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Os dois foram levados sob custódia da Guarda Nacional venezuelana enquanto cobriam um protesto ontem à noite, de acordo com seu advogado.

“Os jornalistas não podem fazer seu trabalho sem os serviços essenciais prestados por sua equipe de apoio, que às vezes enfrenta o peso da represália do governo”, disse em Nova York o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. “É escandaloso para as autoridades venezuelanas submeter Marcos Vergara e Deivis Valera a esta injusta detenção, e pedimos a sua libertação imediata”.

José Ramón Medina, advogado da VivoPlay, disse que civis armados, alguns usando máscaras, detiveram Vergara, Valera e dois jornalistas da VivoPlay, Maryuri Andreina González e Guido Villamizar González, que cobriam os protestos contra o presidente Nicolás Maduro por volta das 20h00 da noite passada. Os civis entregaram os quatro a soldados da Guarda Nacional, que os levaram ao Forte Tiuna, uma das maiores bases militares de Caracas.

Soldados libertaram os jornalistas pouco antes da meia-noite, disse Medina. Vergara e Valera, que trabalham como assistentes de produção e como motociclistas para os jornalistas, permanecem sob custódia, disse ele.

Mais de duas dúzias de pessoas foram mortas em confrontos entre manifestantes e forças de segurança do governo desde que os protestos em massa começaram semanas atrás, segundo informações da imprensa. Jornalistas que cobrem os distúrbios foram assediados e presos, informou o CPJ em 12 de abril.

Medina disse ao CPJ que Vergara e Valera foram transferidos para o centro de criminalística do governo em Caracas hoje, onde ele espera que colham suas impressões digitais e sejam levados perante um tribunal para enfrentar acusações criminais ainda não especificadas. Medina disse que hoje viu os dois presos brevemente mais cedo, mas não teve permissão de falar com eles.

“É muito irregular que dois motoristas que transportam jornalistas sejam detidos”, disse Medina ao CPJ. “Estamos tentando libertá-los.”

A VivoPlay fornece aos seus assinantes cobertura de notícias independente e programas via internet feitos por jornalistas e comediantes que frequentemente são críticos ao governo de Maduro. O governo bloqueou o acesso ao site da VivoPlay desde 7 de abril, segundo reportagens da imprensa. Medina disse que a VivoPlay ainda está disponível na Venezuela por meio de aplicativos para celular.