Marcos Hernández Bautista foi assassinado em janeiro de 2016. Um ex-chefe de polícia foi encarcerado por seu homicídio. (Noticias)

Ex-chefe de polícia condenado a 30 anos de prisão por assassinato de jornalista em Oaxaca

Nova York, 6 de março de 2017 – Um tribunal de justiça no estado mexicano de Oaxaca condenou Jorge Armando Santiago Martínez pelo assassinato de Marcos Hernández Bautista, jornalista do diário Noticias, Voz e Imagem de Oaxaca. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) saudou a decisão de 3 de março e instou as autoridades a processar todos os envolvidos no crime.

Marcos Hernández Bautista foi assassinado em janeiro de 2016. Um ex-chefe de polícia foi encarcerado por seu homicídio. (Noticias)
Marcos Hernández Bautista foi assassinado em janeiro de 2016. Um ex-chefe de polícia foi encarcerado por seu homicídio. (Noticias)

Durante a audiência em Puerto Escondido, Santiago Martínez, ex-chefe da polícia municipal de Santiago de Jamiltepec, foi condenado a 30 anos de prisão por atirar várias vezes contra Hernández, na frente de um bar que o jornalista possuía, em 21 de janeiro de 2016, segundo um comunicado da Procuradoria-geral do estado de Oaxaca. Santiago Martínez foi sentenciado a pagar 178.000 pesos mexicanos (8.100 dólares norte-americanos) a título de reparação à família do jornalista, segundo o comunicado.

“Aplaudimos as autoridades mexicanas por esta condenação no homicídio do jornalista Marco Hernández Bautista”, declarou o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “Embora este seja um primeiro passo alentador para abordar a questão da violência contra a imprensa, não haverá justiça plena até que o autor intelectual seja detido. Instamos as autoridades mexicanas a identificar e processar judicialmente o mentor do crie e a quebrar o ciclo de violência letal contra os meios de comunicação. “

As autoridades prenderam Santiago Martínez em 25 de fevereiro de 2016 e o acusaram do assassinato em 25 de julho do mesmo ano, segundo informações da imprensa. O comunicado da Procuradoria-Geral de Oaxaca não incluiu informações sobre o motivo do crime. A Procuradoria não respondeu de imediato um telefonema do CPJ.

Hernádez, que também era correspondente da rádio La Ke Buena, no município de Pinotepa Nacional, informava sobre temas sociais e havia escrito sobre protestos relativos à construção de uma represa hidroelétrica, segundo reportagens. A editora de Noticias, Voz e Imagem, María de los Ángeles Velasco informou ao CPJ que o jornalista também havia denunciado funcionários públicos por roubo de terra e corrupção.

Velasco disse que Hernández foi assassinado dias depois de uma notícia falsa ser publicada no facebook. A notícia falsa sobre um suposto roubo de terras foi elaborada como se fosse um artigo do Noticias. Hernández, que não teve nenhuma participação no artigo, começou a receber telefonemas ameaçadores, segundo Velasco e colegas do jornalista, que falaram ao CPJ na condição de anonimato por temor a represálias.

Hernández também era secretário municipal de cultura em Jamiltepec e militante de um partido de esquerda da oposição, chamado MORENA, segundo Ismael Sanmartín Hernández, diretor editorial do Notícias, Vozes e Imagens de Oaxaca.

O CPJ documentou pelo menos 37 casos de jornalistas mortos pelo exercício da profissão no México desde 1992, incluindo 34 homicídios em represália direta por seu trabalho. Antes da sentença de 3 de março, em 88 por cento dos casos existe total imunidade. Em outros 9 por cento dos casos, pelo menos um indivíduo foi condenado, mas não todos os envolvidos no crime foram processados. O CPJ está investigando outros 49 casos de jornalistas que foram mortos em circunstâncias pouco claras para se determinar se tem relação com seu trabalho informativo.