Bogotá, Colômbia, 20 de outubro de 2014– As autoridades peruanas devem realizar uma minuciosa e eficaz investigação sobre o ataque de sexta-feira contra uma emissora de rádio no qual os agressores assassinaram a esposa de um jornalista, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Com o pretexto de comprar uns avisos publicitários, um indivíduo entrou na Rádio Rumba, no distrito de Pichanaki no departamento [estado] central de Junín, por volta das 5h30 de sexta-feira. O indivíduo foi seguido por outro sujeito portando uma arma, segundo as informações da imprensa.
Quando os atacantes ingressaram, Gerson Fabián Cuba estava apresentando seu programa matutino na rádio, segundo as informações. O indivíduo armado começou a insultar o jornalista e a agredi-lo com a arma. Quando o filho do repórter protestou, a esposa de Fabián Cuba, Gloria Limas Calle, tentou conduzir os homens para longe com o cabo de uma vassoura. Os agressores dispararam contra Limas Calle no peito e abandonaram a emissora. Limas Calle morreu antes de chegar a um hospital de Pichanaki, segundo as informações da imprensa.
Limas Calle escrevia o conteúdo dos avisos publicitários para Fabián Cuba e, com frequência, limpava o estúdio da emissora.
“Condenamos o ataque contra Gerson Fabián Cuba que resultou no assassinato de sua esposa e instamos as autoridades peruanas a trabalhar de forma oportuna para garantir que os jornalistas locais, seus familiares e colegas não tenham que temer represálias violentas por seu trabalho informativo”, afirmou em Nova York Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Somente se encontrarem e processarem os responsáveis as autoridades conseguirão prevenir futuros ataques e perseguição contra a mídia local”.
Fabián Cuba afirmou ao Instituto Prensa y Sociedade, um grupo de liberdade de imprensa radicado em Lima, que desconhecia as motivações do ataque. Mas indicou que em programas recentes havia criticado políticos locais por suposta corrupção e havia falado de maneira crítica sobre como os ativistas pelo meio ambiente bloquearam rodovias em protesto por um projeto de exploração de gás natural da empresa argentina de energia Pluspetrol.
Outro jornalista local foi perseguido e golpeado durante este mês. Em 14 de outubro, Eduardo Aucalla Muje, repórter da Rádio Frequência 97 em Pichanaki, foi atingido por paus e garrafas de refrigerantes por ativistas do meio ambiente enquanto cobria protestos contra o projeto de exploração de gás, segundo as informações da imprensa.
Jornalistas e meios de comunicação que informam sobre a corrupção e o crime organizado no Peru são, frequentemente, alvo de violência, segundo a pesquisa do CPJ.