Cidade do México, 4 de junho de 2014 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas condena o ataque ocorrido no sábado contra o diretor de uma estação de rádio comunitária Indalecio Benítez que resultou na morte se seu filho de 12 anos.
“Esse trágico assassinato ressalta como o ciclo da impunidade na violência contra os jornalistas perpetua ainda mais a violência espantosa”, disse em Nova York o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. “As autoridades mexicanas devem investigar imediatamente este crime e todos os possíveis motivos – inclusive o jornalismo – e garantir a segurança de Benítez e sua família”.
Benítez é fundador da estação de rádio comunitária Calentana 98,1 FM na cidade de Luvianos, no estado do México, e proeminente figura local, segundo as informações da imprensa. Cedo no sábado ele voltava com sua família para casa, que também serve como estação da rádio, quando viu um grupo de homens armados esperando no lado de fora. Ele virou a direção de seu carro, mas os desconhecidos abriram fogo contra o veículo, matando seu filho, Diego Benítez, segundo as informações da imprensa. Benítez disse que depois da fuga, os agressores atiraram na fachada do prédio e entraram em sua casa, ameaçando outros familiares que estavam lá dentro antes de fugirem, segundo as informações da imprensa.
Marycarmen Aguilar Franco, repórter e cofundadora da Calentana, disse ao CPJ que a estação – que tem menos de um ano de idade e também transmite on-line para ex-moradores Luvianos que vivem nos Estados Unidos – realizou pouco jornalismo por conta própria. “Devido à situação de segurança, não podemos fazê-lo”, disse Aguilar. A estação faz transmissão simultânea do programa da manhã da proeminente jornalista mexicana Carmen Aristegui, disse Aguilar ao CPJ.
Calentana atende uma área no canto sudeste do Estado do México, cerca de 200 quilômetros a sudeste da Cidade do México e perto da fronteira do estado de Michoacán, onde os cartéis La Familia e Los Guerreros Unidos estão lutando por território. “É o lugar mais conflituoso que existe”, contou Aguilar ao CPJ. Ela disse que a estação recebeu ameaças indiretas, mas nada que causasse grande preocupação. “Não há exatamente ameaças, mas há ‘recomendações'”, explicou Aguilar ao CPJ.
Benítez afirmou à Calentana 98,1 após o crime que não sabia o motivo do ataque, mas sugeriu que o destaque da estação de rádio poderia ter feito dele um alvo para os cartéis em guerra. “Talvez eles queiram plantar o terror com algo muito visível, eu não sei… Eu nunca recebi ameaças. Acho que há uma disputa feroz acontecendo para o controle desta cidade e do mercado e aqueles que estão pagando o preço são as pessoas pacíficas que estão aqui.”
Investigadores do estado do México não emitiram qualquer declaração sobre a investigação até agora. Tentativas do CPJ para contatar um porta-voz foram infrutíferas.
A violência relacionada a drogas faz do México um dos países mais perigosos do mundo para a imprensa, segundo a pesquisa do CPJ. O colunista e porta-voz do governo mexicano Jorge Torres Palacios foi sequestrado e assassinado no estado de Guerrero, em junho.