Nova York, 26 de novembro de 2012–O Comitê para a Proteção dos Jornalistas condenou hoje o assassinato do jornalista brasileiro Eduardo Carvalho em Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com o Paraguai e a Bolívia. Carvalho era editor e proprietário do site de notícias Última Hora News, que frequentemente denunciava corrupção local, segundo as informações da imprensa.
“O período de dois anos desde a posse da presidente Dilma Rousseff têm sido o mais letal para a imprensa brasileira desde que o CPJ começou a documentar casos em 1992”, disse o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades devem agir agora para levar os assassinos de jornalistas à justiça e quebrar o ciclo da impunidade, garantindo que os jornalistas possam informar sem medo de represálias”.
Carvalho estava chegando em casa com sua esposa na noite de quarta-feira quanto um homem não identificado, na garupa de uma motocicleta, atirou contra ele ao menos três vezes, segundo o noticiado. A esposa do jornalista pegou a pistola que Carvalho carregava e tentou atirar contra os agressores, mas a arma estava travada, de acordo com informes da imprensa. O pistoleiro e o condutor da motocicleta fugiram do local.
Carvalho, ex-policial militar, frequentemente escrevia artigos críticos sobre a polícia e os políticos locais, segundo o Última Hora News. O site informou que o jornalista tinha licença para andar armado porque havia sido ameaçado e sobrevivido a uma tentativa de assassinato. Autoridades policiais disseram aos jornalistas que Carvalho havia sido objeto de várias ações judiciais por difamação relacionadas a suas reportagens. Sua história mais recente, publicada no dia de seu assassinato, acusava um policial militar não identificado de abusar de sua autoridade para intimidar cidadãos. O chefe de polícia local, Divino Furtado Mendonça, disse aos jornalistas que, embora nenhum motivo tenha sido descartado, a principal linha de investigação apura se o assassinato está relacionado ao trabalho jornalístico de Carvalho, segundo reportagens da imprensa.
Dez outros jornalistas – a maioria fora dos grandes centros urbanos – foram assassinados no Brasil em 2011 e 2012, ao menos seis deles em relação direta com seu trabalho, de acordo com a pesquisa do CPJ. Em 2012, o Brasil aparece pelo segundo ano consecutivo no Índice de Impunidade do CPJ, que destaca os países onde jornalistas são assassinados com frequência e seus assassinos ficam livres.
- Para mais informações sobre o Brasil, visite a página do CPJ sobre o país aqui.