Dois jornalistas desaparecidos depois de ataque armado contra ativistas de direitos humanos

Nova York, 29 de abril de 2010Dois jornalistas que acompanhavam uma missão de ativistas de direitos humanos em uma conturbada e frequentemente violenta área do estado de Oaxaca, no sul do México, foram reportados desaparecidos na terça-feira depois que o grupo foi vítima de um ataque armado no qual duas pessoas foram mortas, segundo informes da imprensa. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou as autoridades a localizar os jornalistas, resgatá-los e a realizar uma investigação completa.

Érika Ramírez e David Cilia são os dois repórteres desaparecidos do semanário noticioso Contralínea, disse ao CPJ o editor sênior da publicação, Zósimo Camacho. Os jornais mexicanos identificaram os ativistas assassinados como sendo a cidadã mexicana Beatriz Alberta Cariño Trujillo e o finlandês Jyri Jaakola.

“As autoridades mexicanas devem iniciar uma investigação completa sobre o ataque”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Instamos as autoridades locais e federais a localizarem os repórteres desaparecidos e  resgatá-los para a segurança”.

Camacho, que foi ao povoado mais próximo em Oaxaca para ajudar a supervisionar os esforços de resgate, afirmou que chegou até o local onde ocorreu o ataque e encontrou o veículo que transportava os repórteres. O carro apresentava várias marcas de tiro, segundo o editor. Camacho disse que os funcionários da revistas temias que os dois jornalistas pudessem ter sido tomados como reféns pelos atacantes.

Em informação online publicada hoje, Contralínea cita dois ativistas que afirmaram ter visto os dois jornalistas com vida após o ataque, e que estavam escondidos. Um dos jornalistas estaria ferido. Os ativistas relataram também que os jornalistas pediram para serem resgatados.

De acordo com as informações da imprensa, o ataque ocorreu perto da zona indígena montanhosa de Triqui, em San Juan Cipala, enquanto a missão levava insumos e observadores internacionais até uma área que se declarou autônoma do governo do estado. A agência de notícias Associated Press (AP) informou que cerca de 40 pessoas participavam da missão.

Os repórteres do Contralínea viajavam até a região para investigar os assassinatos de Felicitas Martínez Sánchez e Teresa Bautista Merido, duas repórteres Triqui da rádio comunitária La Voz que Rompe el Silencio, assassinadas em San Juan Copala em 7 de abril de 2008. Até esta data, ninguém foi processado pelos crimes.

A AP informou que a missão incluía membros de um movimento contrário ao governo que conseguiu o controle da capital do estado por vários meses em 2006. O ataque, segundo a AP, gerou preocupação de um novo conflito entre partidários do governo e seus oponentes.