Duas locutoras de uma rádio comunitária são assassinadas em Oaxaca
Nova York, 10 de abril de 2008—Duas locutoras de uma rádio comunitária, que também eram ativistas indígenas, foram baleadas e assassinadas na segunda-feira quando agressores armados dispararam contra o veículo que as transportava em uma estrada rural no sul de Oaxaca. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está investigando possíveis vínculos entre os assassinatos e o trabalho das jornalistas.
Teresa Bautista Merino, de 24 anos, e Felicitas Martínez Sánchez, de 20, foram emboscadas na tarde de segunda-feira, quando indivíduos não identificados dispararam com rifles de assalto contra seu veículo perto de Putla de Guerrero, segundo informes da imprensa e entrevistas realizadas pelo CPJ. Outras três pessoas que estavam no carro, incluindo uma criança de três anos, ficaram feridas, de acordo com os informes da imprensa local.
“Instamos as autoridades estaduais e federais a conduzirem uma investigação exaustiva para levar os responsáveis à justiça”, ressaltou o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon. “Continuaremos monitorando cuidadosamente a investigação”.
As duas mulheres trabalhavam como locutoras e repórteres em uma estação de rádio comunitária chamada “La Voz que Rompe el Silencio” na cidade indígena triqui de San Juan Copala, a 354 quilômetros da capital de Oaxaca. A emissora começou a transmitir em espanhol e em triqui em 19 de janeiro.
Bautista e Martínez voltavam de um povoado próximo onde estiveram divulgando a emissora à população, explicou ao CPJ o coordenador geral da rádio, Jorge Albino. Ele explicou que as duas mulheres informavam sobre o governo autônomo indígena de San Juan Copala, além de notícias de saúde, educação e cultura indígena.
Embora as autoridades tenham iniciado uma investigação, até o momento ninguém foi preso. A municipalidade de San Juan Copala em Oaxaca – onde as mulheres trabalhavam – tornou-se autônoma em janeiro de 2007, mas é conhecida pelos fortes e, às vezes, letais conflitos entre indígenas e grupos políticos. As duas mulheres, aparentemente, defendiam os direitos e a autonomia indígena.