Nova York, 13 de abril de 2006 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está alarmado com as ameaças de morte feitas contra a jornalista peruana Marilú Gambini Lostanau e sua família, depois que ela divulgou informações sobre a influência de traficantes de drogas na política peruana. As ameaças forçaram a jornalista e dois de seus filhos a fugirem do país na semana passada.
Uma mulher não identificada ligou para Gambini, diretora do programa semanal “Confidencial” no Canal 31 de televisão na cidade nordestina de Chimbote, e a preveniu para parar com seus comentários dentro de uma semana, contou a jornalista ao CPJ. Na ligação, em 28 de março, a mulher também ameaçou ferir seus filhos pequenos. No dia seguinte, uma mulher não identificada ameaçou a filha mais velha de Gambini e sua neta, em um mercado em Chimbote. A jornalista disse ter recebido, diariamente, ligações em seu celular contando os dias que ainda restavam de vida para ela.
Em 2 de abril, segundo Gambini, ela e sua família saíram de Chimbote e denunciaram as ameaças às autoridades de Lima. Em 5 de abril Gambini abandonou o Peru com seus dois filhos menores. A jornalista solicitou ao CPJ não divulgar seu atual paradeiro por razões de segurança. Gambini informou ter recebido a confirmação de que as ameaças estão sendo investigadas pelas autoridades peruanas.
Gambini disse ao CPJ acreditar que as ameaças são fruto de seus constantes informes sobre as atividades políticas de narcotraficantes, incluindo recentes contribuições para campanhas eleitorais. Segundo a jornalista, políticos e membros do governo peruano estão sendo manipulados por membros do crime organizado.
“Estamos horrorizados com estes repugnantes atos de intimidação contra Gambini e sua família”, destacou a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. “Instamos as autoridades a levar os responsáveis à justiça e proporcionar a proteção necessária para permitir que Gambini regresse ao Peru e continue seu trabalho”.
Gambini, que tem informado sobre o tráfico de drogas e de armas no norte do Peru durante os últimos dez anos, disse ao CPJ que já foi ameaçada e agredida anteriormente. O Instituto Imprensa e Sociedade (Instituto Prensa y Sociedad) informou, em março de 2005, sobre dois desconhecidos que invadiram a casa de Gambini, a empurraram e roubaram documentos relacionados a uma investigação sobre o tráfico de drogas. Em maio do mesmo ano, desconhecidos entraram na residência de Gambini e roubaram vários vídeos. A jornalista acrescentou ter recebido, também, constantes ameaças por telefone.