México prende membro de cartel de drogas com vínculo em atentado

Nova York, 17 de março de 2008—A polícia federal mexicana prendeu um membro do cartel de drogas Arellano Félix no sábado sob a suspeita de estar envolvido no atentado contra o editor do Zeta, Jesús J. Blancornelas.

Agentes da polícia federal prenderam Saúl Montes de Oca Morlett na cidade turística de San Felipe, Baixa Califórnia, enquanto ele se inscrevia para participar de uma corrida de carros, segundo informe oficial da Secretaria de Segurança Pública. As autoridades buscavam Montes de Oca, conhecido como “El Ciego” (O Cego), por narcotráfico e seqüestro. A política também acredita que ele esteja envolvido no ataque contra Blancornelas, fundador e diretor do semanário Zeta de Tijuana, assinalava o informe. O editor sobreviveu ao atentado a tiros, embora tenha ficado gravemente ferido.

“Estamos monitorando o processo do caso contra Saúl Montes de Oca Morlett e esperamos ter a oportunidade de revisar a evidência que se apresenta contra ele” declarou o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon.

Montes de Oca não comentou publicamente sobre as acusações contra ele, enquanto que o escritório do Promotor Especial para Crimes contra a Imprensa não pôde fornecer ao CPJ os dados do advogado de Montas de Oca imediatamente.

Adela Navarro Bello, diretor geral do Zeta, disse ao CPJ que o pessoal da revista não tinha conhecimento prévio do suposto papel de Montes de Oca no ataque de 1997. No entanto, Navarro explicou que esperava que esta prisão fosse uma indicação de que a investigação do atentado contra Blancornelas pelas autoridades mexicanas está avançando.

Na terça-feira, as autoridades federais prenderam Gustavo Rivera Martínez, outro chefe do cartel Arellano Félix como parte da investida da administração do presidente Felipe Calderón contra o narcotráfico, segundo os informes da imprensa local e internacional. Em janeiro, Alfredo Araújo Avila, um perigoso pistoleiro do cartel de drogas Arellano Félix conhecido como “Popeye”, também foi preso. As autoridades estão investigando seu papel no ataque a balas contra Blancornelas, segundo os informes da imprensa. Segundo Navarro, Araujo continua preso, mas não se sabe qual o estágio da investigação.

O ataque a balas contra Blancornelas foi motivado por uma investigação do Zeta que descrevia como o cartel dos Arellano Félix recrutava pistoleiros das gangues de rua do Bairro Logan de San Diego. O líder dos pistoleiros do Bairro Logan era um veterano gangster, David Barron Corona, que ganhou a lealdade da família Arellano Félix ao salvar a vida de dois dos irmãos em uma emboscada. Blancornelas publicou um artigo identificando Barron Corona como um dos chefes de segurança do cartel.

Algumas semanas depois, Barron Corona e um grupo de assassinos emboscaram Blancornelas enquanto este ia para o trabalho. A tentativa de homicídio fracassou por que Barron Corona morreu por uma bala disparada por seus próprios pistoleiros que ricocheteou e o atingiu em um olho.

Criada em 1980, o Zeta é uma das poucas publicações que divulga regularmente investigações sobre o crime organizado, o narcotráfico e a corrupção nos estados do norte do México, onde a autocensura é generalizada. O Zeta pagou um preço altíssimo pela cobertura sobre criminalidade: Héctor Félix Miranda, co-fundador do semanário, foi assassinado em 1988, e o co-editor Francisco Ortiz Franco foi executado em 2004. Navarro ganhou o Prêmio Internacional à Liberdade de Imprensa do CPJ em 2007.