Editor mexicano é ameaçado

Nova York, 10 de junho de 2008–O editor de um jornal vespertino no sul do México foi ameaçado por um bilhete deixado em frente à porta principal do escritório do periódico na segunda-feira, dois dias depois que uma cabeça humana foi encontrada nas proximidades, de acordo com as informações da imprensa e entrevistas realizadas pelo CPJ.

Juan Padilla, diretor editorial do El Correo de Tabasco, havia liderado uma série de reportagens do jornal sobre tráfico e seqüestro de imigrantes no estado de Tabasco. No sábado – “Dia da Liberdade de Expressão” no México – a cabeça decapitada de um homem foi encontrada em frente à porta do jornal na capital estadual de Villahermosa.

As autoridades mexicanas identificaram a cabeça como pertencente ao corpo de um narcotraficante de menor expressão encontrado em outro bairro da mesma cidade, informou o La Jornada. Autoridades mexicanas encontraram uma nota com o corpo que parecia ser uma advertência a possíveis informantes: “Isto vai acontecer aos que apontam o dedo para outros”.

Dois dias depois, outra nota dizendo “Você será o próximo, Diretor” foi encontrada em frente às instalações do jornal, não muito longe de onde a cabeça decapitada havia sido localizada, informou ao CPJ um assistente de Padilla. O Procurador Geral do estado de Tabasco, Gustavo Rosario, explicou que o último bilhete estava dirigido a Padilla, informou a The Associated Press.

“Estamos alarmados pelas horripilantes ameaças de morte contra Juan Padilla e seu jornal”, declarou o Subdiretor do CPJ, Robert Mahoney. “O Presidente do México, Felipe Calderón, se comprometeu esta semana a combater a violência e a perseguição contra a imprensa. Assim, instamos as autoridades a investigarem estas ameaças, levarem os responsáveis à justiça e a garantirem a segurança do El Correo de Tabasco e seus funcionários”.

O México é um dos países mais perigosos para os jornalistas na América Latina, segundo a investigação do CPJ. Nos últimos cinco anos, com a intensificação da guerra entre os cartéis de drogas, jornalistas locais que informam sobre crime organizado e narcotráfico enfrentam sérios riscos.

O CPJ examinou três casos recentes de assassinatos não resolvidos de jornalistas em um informe especial lançado no último sábado. Vinte e um jornalistas morreram no México desde 2000, sete deles em represália direta por seu trabalho. Desde 2005, outros sete jornalistas desapareceram. O México figura em décimo lugar no Índice de Impunidade do CPJ, uma lista de países onde jornalistas são assassinados de maneira recorrente e os governos fracassam na resolução dos crimes.