COLÔMBIA: Jornalista de rádio foge depois de ameaças de grupo guerrilheiro

Nova York, 8 de fevereiro de 2008—O jornalista colombiano José Joaquín Chávez foi obrigado a abandonar sua casa em Anzoátegui, no Departamento de Tolima, região central do país, após receber ameaças de morte de supostos membros de um grupo guerrilheiro de esquerda.

Chávez, diretor da rádio comunitária Acción Estéreo, sediada em Anzoátegui, e correspondente da rádio regional La Voz del Tolima, abandonou sua residência na madrugada de quinta-feira, segundo informou ao CPJ. Chávez explicou que havia recebido repetidas ameaças, em seu telefone celular e na estação de rádio, de supostos membros do movimento guerrilheiro de esquerda mais conhecido da Colômbia, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

“Condenamos as ameaças contra José Joaquín Chávez e estamos muito preocupados com sua segurança”, declarou o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon.

Chávez recebeu a primeira ameaça em 16 de janeiro, quando uma pessoa não identificada o exortou a deixar de transmitir a publicidade do exército colombiano que insta os combatentes guerrilheiros a se desmobilizarem. A pessoa ressaltou a Chávez que ele também teria que transmitir a “publicidade da guerrilha” e advertiu que não deveria procurar por problemas. Durante os dias que se seguiram, indivíduos que se identificaram como membros das FARC ligaram e pediram para que Chávez transmitisse saudações a outros combatentes da guerrilha. Quando Chávez se negou, começou a receber ameaças de morte que também incluíam a sua família.

Em 18 de janeiro, Chávez abandou Anzoátegui por duas semanas. Ao regressar, em 1º de fevereiro, recebeu uma mensagem de texto que o advertia “feche a emissora ou morra”. Chávez e a Fundação para a Liberdade de Imprensa chamaram a polícia local, que proporcionou segurança para a rádio naquele dia. No dia seguinte, Chávez recebeu outra mensagem que dizia “tem uma hora” – contou ao CPJ. Chávez fechou a estação em 4 de fevereiro e saiu de Anzoátegui quatro dias depois.

O comandante da polícia local, sargento Andrés Rojas, disse ao CPJ que a procuradoria local está investigando as ameaças. No entanto, Chávez assinalou que nem ele nem sua família estavam recebendo proteção das autoridades colombianas.

Segundo as investigações do CPJ, em 2007 dois repórteres colombianos foram obrigados a fugir de seus lares logo depois de receberem ameaças de membros das FARC. Em maio, Rodrigo Callejas, apresentador do programa diário de notícias “Debate 5” na Fresta Estéreo, abandonou sua casa na província de Tolima depois de receber duas ligações telefônicas de um suposto comandante guerrilheiro que advertiu o jornalista para que deixasse de “se meter com sua gente” se não quisesse morrer. Em março, Darío Arizmendi, diretor de notícias do programa matutino “Hoy por Hoy”, transmitido as 6h00 pela Rádio Caracol, fugiu da Colômbia depois de tomar conhecimento de um suposto plano das FARC para assassiná-lo.