Nova York, 30 de janeiro de 2007 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está preocupado com a ordem judicial que impede o diário colombiano El Heraldo, após a divulgação de uma matéria onde alega que uma empresa de Barranquilla tem vínculos com as forças paramilitares, de publicar novos artigos sobre o tema.
Em 21 de janeiro, o jornal publicou uma matéria investigativa conjunta com a organização não governamental Protranparencia alegando que havia vínculos entre a empresa privada Métodos y Sistemas e os paramilitares. A empresa, que havia sido contratada pelo governo de Barranquilla para arrecadar impostos, interpôs imediatamente uma ação judicial argumentando que a matéria havia prejudicado sua reputação e o seu direito constitucional à informação “imparcial e verdadeira” segundo o El Tempo, diário sediado em Bogotá.
Na quinta-feira, o juiz do Segundo Circuito Criminal de Barranquilla, Hernando Estrada Peña, ordenou ao El Heraldo que não publique informações adicionais sobre o caso como “medida provisória” até que ele determine a sentença.
“Condenamos a decisão do tribunal de censurar o El Heraldo e de impedir que publique informações adicionais que podem ser cruciais para a compreensão da influência que as forças ilegais paramilitares têm sobre a vida na Colômbia” afirmou o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon. “Esperamos que a Corte revogue esta ordem, pois não há lugar para a censura em um país democrático”.
Ao comentar a ordem do juiz Estrada, o presidente Álvaro Uribe Vélez disse hoje à RCN Radio que nada deveria perturbar a liberdade de imprensa. “Eu acho que qualquer atentado contra a liberdade de imprensa é muito grave”, assinalou Uribe. “Com todo o respeito ao juiz da República, sem conhecer a razão e a base de sua sentença, eu acho que nada deve perturbar a liberdade de imprensa”.
As forças paramilitares de extrema direita são supostamente responsáveis por alguns dos piores massacres do conflito civil colombiano, segundo a Associated Press. Também teve um papel importante na transformação do narcotráfico em um dos maiores setores exportadores da Colômbia. Desde que o governo Uribe começou a negociar com eles, em 2002, os paramilitares desmobilizaram mais de 30.000 combatentes, segundo a AP. Ao mesmo tempo, entretanto, expandiram e aprofundaram as atividades ilegais, que vão desde a extorsão até o tráfico de drogas e de combustível.
Durante os últimos meses, o governo Uribe se viu cercado por escândalos enquanto os meios de comunicação, os grupos de direitos humanos e os críticos do governo documentaram extensos vínculos entre as forças armadas e os paramilitares, que colaboraram em uma guerra suja contra as guerrilhas de esquerda. O escândalo, amplamente documentado pela imprensa colombiana, vincula diretamente dezena de políticos e altos funcionários do governo com estes grupos ilegais.
Uribe se reuniu com uma delegação do CPJ em 15 de março de 2006, e expressou seu apoio aos jornalistas das regiões do interior. O presidente também anunciou seu apoio aos jornalistas que informam sobre corrupção, ao enfatizar que qualquer funcionário que interfira com o trabalho da imprensa “está cometendo um crime contra a democracia, e isso é gravíssimo” ( http://www.cpj.org/news/2006/americas/colombia15mar06na_pt.html, em português).
O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, e se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo