Nova York, 17 de agosto de 2006 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou hoje as autoridades mexicanas a investigar a suposta participação de Arturo Villarreal no assassinato, em junho de 2004, do editor de um semanário de Tijuana. Villarreal foi capturado durante uma operação antidrogas realizada pelas autoridades norte-americanas na segunda-feira passada.
No ano passado, um alto funcionário da Procuradoria Geral da República (PGR) identificou Villarreal, conhecido pelo apelido de “El Nalgón”, como um dos supostos autores intelectuais do assassinato, em 22 de junho de 2004, do editor do Zeta Francisco Ortiz Franco.
“A notícia alenta a expectativa de que se possa fazer justiça no caso do assassinato de nosso colega Francisco Ortiz Franco”, disse o diretor executivo do CPJ, Joel Simon. “Instamos as autoridades dos Estados Unidos e do México a trabalharem juntas para garantir que a suposta participação de Villarreal no assassinato de Ortiz Franco seja devidamente investigada”.
O Promotor Geral Adjunto do Estado norte-americano, Paul J. McNulty, disse ontem que agentes da agência federal antinarcóticos, DEA, haviam capturado supostos membros do cartel de drogas de Tijuana controlado pela família Arellano Félix. Os detidos foram presos em um barco de pesca em frente da costa da península mexicana de Baja California.
O procurador Timothy Coughlin, chefe da unidade de narcóticos do escritório do Procurador Geral em San Diego, Califórnia, confirmou ao CPJ que Villarreal era um dos detidos.
Villarreal e o líder do cartel, Francisco Javier Arellano Félix, foram transportados hoje para San Diego, informou o diário San Diego Union Tribune. O líder do cartel enfrenta acusações por narcóticos e crime organizado, noticiou o jornal.
Villarreal e Jorge Briceño (também conhecido como “El Cholo”) são os supostos autores intelectuais do assassinato de Ortiz Franco, segundo José Luis Vasconcelos, Subprocurador de Investigação Especializada em Delinqüência Organizada da Procuradoria Geral da República (PGR). Um dos pistoleiros suspeitos de matar Ortiz Franco, Jorge Eduardo Delgado (conhecido como “El Niño”), foi executado por outros membros do cartel em outubro de 2004, informou Vasconcelos ao CPJ no ano passado.
As autoridades federais se encarregaram da investigação em agosto de 2004. Acreditam que Ortiz Franco foi assassinado por seu trabalho como jornalista, e consideram as notas que escreveu sobre o cartel de drogas dos Arellano Félix como o motivo mais provável.
Em setembro de 2004, uma delegação do CPJ viajou a Tijuana por uma semana para investigar o assassinato de Ortiz Franco. Com a informação recolhida durante a viagem, o CPJ publicou, em novembro daquele ano, um informe intitulado “Bajo Fuego” (Sob Fogo), que descreve como a guerra entre cartéis do narcotráfico, pelo controle de lucrativas rotas de contrabando, colocou os jornalistas locais em perigo e converteu a fronteira norte do México em um dos lugares mais perigosos para exercer o jornalismo na América Latina.
A investigação do CPJ sobre o caso Ortiz Franco, em espanhol, está disponível em: http://www.cpj.org/Briefings/2004/tijuana_sp/tijuana_sp.html.
O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo.