Nova York, 14 de julho de 2006 – Pelo menos 14 repórteres e fotógrafos foram atacados ou intimidados durante três dias de violentos protestos de rua na semana passada, em San Salvador, segundo entrevistas e investigação do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). O CPJ condenou hoje os ataques e solicitou uma investigação exaustiva.
Em 5 de julho, centenas de estudantes reunidos na Universidade de El Salvador se manifestaram contra o aumento das tarifas de eletricidade e transporte público, informou a imprensa local e internacional. Os protestos se tornaram violentos quando a polícia lançou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, destacou a imprensa. Os manifestantes jogaram pedras, dispararam contra a polícia e destruíram várias patrulhas, noticiou a agência Associated Press. Dois efetivos da Polícia Nacional de El Salvador foram assassinados e dez ficaram feridos.
Em 6 e 7 de julho, ativistas do partido de oposição Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional – FMLN (Frente Farabundo Martí para la Liberación Nacional) e sindicalistas locais se reunirão às manifestações, bloquearam as principais ruas, e levaram os protestos para cidade vizinha de San Mantín, informou a AP. Manifestantes com camisas vermelhas, identificados como partidários do FMLN, foram vistos atacando pelo menos dois jornalistas, segundo as investigações do CPJ. Dirigentes do FMLN condenaram os atos de violência e asseguraram que foram praticados por grupos radicais fora da estrutura partidária.
“Condenamos esta escalada de ataques contra a imprensa salvadorenha”, afirmou o Diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. “Instamos as autoridades locais a investigarem rigorosamente os incidentes e a assegurarem que todos os jornalistas salvadorenhos possam cumprir com seu trabalho de maneira segura”.
Em entrevistas ao CPJ, os jornalistas disseram que foram atacados com pedras, paus e gás de pimenta. Os agressores afirmaram a alguns jornalistas que eles foram atingidos por supostamente apoiarem o governo “direitista”, de acordo com as declarações de vários jornalistas.
Em 5 de julho, o repórter Ernesto Landos e o cinegrafista Carlos Durán, ambos da rede TeleDos de San Salvador, sofreram contusões e cortes após serem atacados com pedras e paus. Landos afirmou ao CPJ que os manifestantes também quebraram o pára-brisa de seu carro.
Landos destacou que Felipe Ayala, fotógrafo do matutino El Diario de Hoy, foi atacado enquanto fotografava a destruição de um carro. Os manifestantes bateram em Ayala, pegaram sua câmera e retiraram o cartão de memória, informou. Luis Ever Fernández, jornalista do Canal 6, informou ao CPJ que foi atacado a pedradas.
Alvaro Castaneda, fotógrafo do matutino La Prensa Gráfica, disse que recebeu um soco no rosto enquanto fotografava o bloqueio de uma rua em 6 de julho. No mesmo dia, Fidel Toloza e o cinegrafista Walter Ramírez foram atacados por partidários da FMLN nos arredores da capital. Ramírez foi atingido por gás pimenta e Toloza foi chutado e golpeado com um pau, enquanto tentava ajudar seu colega, informou o jornalista da TeleDos ao CPJ.
Félix Amaya, fotógrafo de La Prensa Gráfica, disse ao CPJ que foi atacado com pedras em 7 de julho. Julio Rosales, jornalista do Canal 6, informou ao CPJ que o veículo que conduzia foi atacado e pintado com tinta spray no mesmo dia.
Carlos Henríquez, jornalista de La Prensa Gráfica, também foi atacado, informou a Associação de jornalistas de El Salvador (APES, por sua sigla em espanhol). Ivan Pérez, jornalista da Radio YSUCA, e os fotógrafos Borman Mármol e Franklin Rivera de La Prensa Gráfica, assim como Luis Villata, do El Diario de Hoy, foram perseguidos, informou a APES.
Os jornalistas entrevistaram destacaram que carregavam credenciais de imprensa visíveis e que, por este motivo, acreditavam ter sido alvo dos agressores. Vários jornalistas afirmaram que a violência os obrigou a trabalhar em grupos.