Escritor argentino é impedido de entrar no país

Nova York, 21 de fevereiro de 2006 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena a decisão das autoridades do Aeroporto Internacional José Martí, em Havana, que deportaram no sábado o historiador, colunista e escritor José Ignacio García Hamilton.

As autoridades de imigração cubana negaram a entrada do escritor argentino argumentando que seguiam ordens do governo, e se negaram a dar explicações, informou a imprensa argentina. García Hamilton e sua esposa tinham vistos de turista aprovados, na quinta-feira, pela Embaixada de Cuba em Buenos Aires.

Segundo informações da imprensa argentina, um oficial de imigração cubano informou a García Hamilton que somente sua esposa poderia entrar no país. Conseqüentemente, García Hamilton e sua esposa foram escoltados de volta ao avião, com destino à Cidade do Panamá.

García Hamilton contou à imprensa que planejou passar uma semana de férias na ilha. Acrescentou, também, que havia marcado encontros com intelectuais cubanos e várias reuniões para publicar seu novo livro, Simón. Vida de Bolívar, uma biografia de Simón Bolívar. García Hamilton colabora com jornais e revistas na Argentina, Uruguai e Estados Unidos.

De acordo com a imprensa, García Hamilton se reuniu com dissidentes em suas visitas a Cuba em 1996 e 2005. Um livro de García Hamilton, publicado em 1997, analisa os governos autoritários na América Latina e inclui um prólogo de Carlos Montaner, um opositor do regime de Castro, explicou a imprensa argentina. Em uma entrevista transmitida hoje por uma estação de rádio argentina, García Hamilton disse que sua deportação poderia ter relação com o livro e o prólogo.

A Embaixada argentina em Cuba enviou, no sábado, uma carta ao governo cubano pedindo uma explicação sobre o bloqueio da entrada de García Hamilton. O ministério das Relações Exteriores argentino enviou, hoje, um “pedido de informação” oficial.

“As ações do governo cubano demonstram que continua vigorando seu modelo de represálias contra escritores que apresentem pontos de vista críticos”, disse a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper.