O CPJ está preocupado com a deterioração da saúde e dois jornalistas cubanos

Nova York, 6 de junho de 2006 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) manifestou hoje a sua preocupação pela deterioração da saúde de dois jornalistas independentes. Guillermo Fariñas, que há quatro meses recusa alimentação em protesto contra as restrições impostas pelo governo sobre o acesso à Internet, permanecia inconsciente cinco dias depois de uma cirurgia de emergência para drenar líquidos de seu pulmão esquerdo, a mãe informou ao CPJ.

Alicia Hernández afirmou que seu filho está estável, mas em condições críticas. Fariñas começou a greve de fome em 31 de janeiro. Desde então, passou parte do tempo hospitalizado, recebendo líquidos e vitaminas por via intravenosa. Fariñas dirige a agência de notícias Cubanacán Press.

“Estamos indignados e consternados pelo grave estado de saúde a que chegou Guillermo Fariñas ao protestar contra a política do governo que proíbe o acesso dos cubanos à Internet, que por direito deveria ser livre para eles” disse a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper.

O CPJ também está preocupado pela deterioração do estado de saúde do jornalista José Luís García Paneque desde sua transferência, em novembro, do presídio do Combinado Del Este, em Havana, para a prisão Lãs Mangas, na província de Granma. O jornalista sofre de severos problemas intestinais e hemorragias internas, informou sua esposa Yamilé Llanes. Segundo ela, o jornalista não está recebendo cuidados médicos adequados na enfermaria da prisão onde, além disso, tem sido maltratado por criminosos comuns. Ligações do CPJ para a Missão de Cuba perante as Nações Unidas, em Nova York, não foram respondidas.

García Paneque, diretor da agência de notícias independente Libertad, foi preso durante a ofensiva do governo contra a imprensa independente e a oposição política em março de 2003. Foi sentenciado a 24 anos de reclusão. O jornalista já perdeu muito peso desde sua prisão e Llanes acredita que ele sofra de desnutrição. Em novembro de 2005, Llanes solicitou uma licença extrapenal (liberdade condicional por motivos de saúde), mas as autoridades ainda não responderam sua petição.

“Estamos profundamente alarmados com a deterioração da saúde de nossos dois colegas. Responsabilizamos o governo cubano pelo bem-estar de García Paneque e o instamos a garantir uma atenção adequada a todos os jornalistas presos”, acrescentou Cooper. “Estes jornalistas nunca deveriam ter sido presos em primeiro lugar, portanto, deveriam ser libertados”.

Cuba possui um total de 25 jornalistas presos, mais que qualquer país no mundo, exceto a China.