Cuba detém e expulsa vários jornalistas estrangeiros

Nova York, 20 de maio de 2005 ­ O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena a detenção e expulsão de vários jornalistas estrangeiros que haviam viajado a Cuba para cobrir a realização de um congresso de ativistas opositores que contava com a presença de observadores internacionais.

O jornalista italiano Francesco Battistini, que chegou a Cuba na noite de ontem como enviado especial do diário milanês Corriere della Sera, foi detido esta manhã, informou o jornal. O Corriere della Sera informou não possuir mais detalhes, mas que esperava que Battistini fosse expulso em breve.

O jornalista polonês Jerzy Jurecki, editor do semanário regional Tygodnik Podhalanski, foi detido na noite de ontem no hotel onde estava hospedado em Havana e conduzido a um centro de detenção de imigração próximo ao aeroporto local, segundo agências internacionais de notícias. O jornalista polonês Seweryn Blumsztajn, que trabalha para o diário de circulação nacional Gazeta Wyborcza, foi detido junto com Jurecki. Um terceiro jornalista polonês, cujo nome não foi divulgado, mas que aparentemente trabalha para a edição polonesa da revista Newsweek, também permanecia sob custódia policial. Os três jornalistas, junto com outros três cidadãos poloneses, estavam em um aeroporto cubano aguardando expulsão.

O embaixador de Cuba ante a Polônia declarou que os jornalistas haviam viajado à ilha com visto de turistas e estavam violando as leis cubanas, informou a agência noticiosa The Associated Press.

As autoridades também impediram que vários jornalistas espanhóis e italianos, que haviam viajado para Cuba com visto de turista, fizessem uma cobertura jornalística da reunião de dissidentes, segundo o diário de Miami El Nuevo Herald. Nos últimos dias, vários parlamentares europeus convidados para o conclave opositor foram expulsos da ilha ou tiveram a entrada negada.

O congresso ­ que terá duração de dois dias e é a primeira atividade deste tipo realizada pela oposição ­ foi organizado pela Assembléia para Promover a Sociedade Civil (APSC), entidade coordenadora de organizações oposicionistas e da sociedade civil. Planejado há vários anos, tem como objetivo unir dissidentes e formular estratégias para criar uma sociedade democrática em Cuba. A reunião começou hoje com a participação de 200 ativistas e convidados na casa do dissidente Félix Bonne Carcassés, nos arredores de Havana. Os organizadores denunciaram que dissidentes de outras províncias foram perseguidos e impedidos de viajar à Havana.

De acordo com as normas cubanas de imigração, os jornalistas estrangeiros que visitem a ilha para realizar trabalhos jornalísticos precisam solicitar visto de jornalista, que tramita através das missões diplomáticas cubanas no exterior. O governo cubano outorga os vistos de jornalista com critério seletivo e freqüentemente exclui jornalistas de meios de comunicação considerados hostis, como o diário The Miami Herald. Além disso, as normas cubanas especificam que os profissionais de meios de comunicação estrangeiros que viagem ao país utilizando visto de turista “devem se abster de exercer o jornalismo”.

“É evidente que o governo cubano se apoiou em trâmites burocráticos politizados para limitar a cobertura informativa crítica”, declarou Ann Cooper, Diretora-executiva do CPJ. “Exortamos as autoridades cubanas a permitir que tantos os jornalistas estrangeiros como os cubanos possam fazer seu trabalho sem serem perseguidos”.

Um total de 23 jornalistas cubanos está preso desde março de 2003, quando o governo empreendeu uma gigantesca operação contra a imprensa independente e a dissidência. O CPJ e muitos outros grupos efetuaram campanhas para libertar os jornalistas, que foram acusados de realizar atividades contra os interesses do Estado e aprisionados.

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