Governo cubano detém duas jornalistas estrangeiras

Nova York, 2 de dezembro de 2005 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas condena a detenção, na última quinta-feira, de duas jornalistas estrangeiras que estariam entrevistando ativistas de oposição na província central de Sancti Spíritus, em Cuba. Espera-se que o governo expulse as duas jornalistas.

A polícia deteve a jornalista polonesa Anna Bikont, que trabalha para o diário polonês Gazeta Wyborcza, e a jornalista suíça Nelly Norton na noite de quinta-feira, de acordo com informações de agências de notícias internacionais. As autoridades confiscaram as fotografias tiradas por Bikont, de acordo com a Agência France-Presse, citando fontes da Gazeta Wyborcza.

As duas jornalistas foram levadas para Havana, onde aguardavam expulsão na tarde de sexta-feira. Ainda não está claro se Norton estava trabalhando para algum veículo informativo.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Polônia, Pawel Dobrowolski, disse hoje que as autoridades cubanas pretendem deportar as jornalistas porque elas estariam trabalhando enquanto viajavam com o visto de turistas, de acordo com a Rádio Polskie, integrante da rede pública de rádio polonesa. Dobrowolski acrescentou que as jornalistas foram presas quando se encontravam com ativistas da oposição, segundo a AFP.

A agência de notícias espanhola EFE, citando a embaixada polonesa em Havana, disse que as autoridades confiscaram os passaportes e passagens aéreas das jornalistas e disseram que elas violaram seu status de turistas.

Sob as normas de imigração cubanas, repórteres estrangeiros que visitam a ilha a trabalho precisam solicitar vistos como jornalistas, que são processados através das embaixadas cubanas no exterior. Oficiais cubanos concedem vistos a jornalistas estrangeiros de forma seletiva, como demonstram os dados do CPJ, e rotineiramente excluem os de meios de comunicação considerados não amigáveis. A lei cubana especifica que jornalistas que viajam para o país com visto de turista “devem se abster de praticar jornalismo”.

Em maio de 2005, as autoridades detiveram e expulsaram pelo menos cinco jornalistas estrangeiros – dois italianos e três poloneses – que viajaram a Cuba para cobrir um congresso de ativistas da oposição. O governo alegou que os jornalistas foram expulsos porque violarem a lei de imigração cubana, por estarem trabalhando com visto de turistas.

“Detendo e expulsando repórteres, o governo cubano envia ao mundo a mensagem de que não tolera reportagens críticas”, disse a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. “Nós apelamos às autoridades cubanas para permitirem que jornalistas estrangeiros e cubanos possam fazer seu trabalho sem temor de represálias”.

Cuba é um dos países com maior número de jornalistas presos, superado apenas pela China. Vinte e quatro jornalistas estão aprisionados, a maioria desde a ofensiva governamental contra o jornalismo independente e a oposição, em março de 2003.

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