Jornalista atacado e ameaçado

Nova York, 25 de janeiro de 2005—O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena o ataque e as ameaças de morte feitas, no último dia 21 de janeiro, contra o jornalista brasileiro Lúcio Flávio Pinto, que trabalha na cidade de Belém, no estado do Pará, região norte do país.

Pinto, o proprietário e editor do pequeno e quinzenal Jornal Pessoal, disse que estava em um restaurante almoçando com alguns amigos na sexta-feira, 21 de janeiro, quando Ronaldo Maiorana, um empresário e político, aproximou-se dele pelas costas, atingiu-o no pescoço e o agarrou pela camisa. Maiorana, então, aplicou-lhe uma gravata, empurrou-o para o chão, chutou-o e o ameaçou de morte. Os guarda-costas de Maiorana deram cobertura ao patrão durante o ataque.

Maiorana é o diretor do diário O Liberal, de Belém, que é propriedade do grupo de mídia Organizações Romulo Maiorana. O grupo de mídia também possui a estação de TV Liberal, afiliada local da Rede Globo, a maior rede de televisão brasileira, e uma estação de rádio. Além disso, o grupo oferece TV a cabo e acesso rápido à Internet. Maiorana é também presidente do Partido Liberal, de centro-direita, no Pará.

Em 18 de janeiro, Pinto escreveu um artigo no Jornal Pessoal sobre a família Maiorana e a história das Organizações Romulo Maiorana. O artigo alegava que o grupo de mídia dirige um quase-monopólio no Pará e há muito tempo usa sua influência para pressionar companhias e políticos a fazerem publicidade nos meios de comunicação do grupo.

De acordo com a agência de notícias Agência Folha, que é de propriedade do diário paulistano Folha de São Paulo, Maiorana confirma apenas ter esmurrado Pinto que, segundo ele, havia esculhambado sua família por mais de uma década. Maiorana também prometeu processar criminalmente Pinto por difamação, reportou a Agência Folha.

Pinto imediatamente prestou queixa na polícia, que iniciou uma investigação. Os guarda-costas de Maiorana, que são policiais militares, estão sob investigação da corregedoria da PM, de acordo com o jornal Diário do Pará.

“Nós estamos ultrajados por este ataque, mas acreditamos que as autoridades prosseguirão com a investigação”, disse a diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. “Jornalistas nunca devem sofrer retaliações por seu trabalho”.

Premiado jornalista, Pinto tem enfrentado vários processos criminais por difamação e recebeu numerosas ameaças no passado por suas reportagens críticas sobre vários assuntos, incluindo tráfico de drogas, devastação ambiental, e corrupção política e corporativa. Por muitos anos, ele escreveu a coluna “Carta da Amazônia” para o jornal paulistano O Estado de S.Paulo.

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