Nova York, 7 de fevereiro de 2017 – As autoridades guatemaltecas devem realizar uma investigação rápida e confiável sobre os assassinatos de um jornalista e um funcionário de estação de rádio, estabelecer os motivos e levar os responsáveis à justiça, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Trabalhadores de um campo de cana-de-açúcar descobriram, no dia 1º de fevereiro, os corpos de Laurent Ángel Castillo Cifuentes e Luis Alfredo de León Miranda em uma área nos arredores da cidade de Santo Domingo, na região do sudoeste da Guatemala, em Suchitepéquez, de acordo com as informações da imprensa. As mãos e os pés de ambos estavam amarrados e os dois tiveram ferimentos à bala na cabeça, de acordo com a organização guatemalteca de liberdade de imprensa CERIGUA, que citou o Ministério Público, uma agência governamental que inclui promotores públicos e autoridades policiais.
“Os assassinatos de Laurent Ángel Castillo Cifuentes e Luis Alfredo de León Miranda enregelam ainda mais o clima da liberdade de imprensa na Guatemala, onde os jornalistas trabalham com medo constante de intimidação e violência”, disse o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. “O governo guatemalteco deve realizar uma investigação abrangente sobre esses assassinatos e precisa cumprir suas promessas de proteger os jornalistas e garantir que eles possam trabalhar com segurança em todo o país”.
O escritório do procurador-geral em Suchitepéquez, que fica sob a jurisdição do Ministério Público Federal, ainda não respondeu aos telefonemas do CPJ e aos pedidos de comentários feitos por e-mail.
Funcionários do Ministério Público da Guatemala disseram ter aberto uma investigação sobre os assassinatos de Castillo e De León, mas não forneceram mais detalhes, de acordo com a imprensa.
Castillo, 28, cobria esportes e cultura para o jornal Nuestro Diario, e estava baseado na cidade de Coatepeque, no departamento de Quetzaltenango, que faz fronteira com Suchitepéquez, informou ao CPJ o editor regional do jornal, Jorge Mario García.
Membros da família de Castillo disseram aos repórteres que ele deixou sua casa em 28 de janeiro para cobrir o carnaval local em Mazatenango, capital de Suchitepéquez, e não retornou. O pai de Castillo contou que falou com seu filho pela última vez na manhã de 1º de fevereiro, de acordo com o noticiário.
De León, 30, publicitário de uma estação de rádio local, a Coaltepec, estava acompanhando seu amigo ao carnaval, segundo as informações publicadas.
De acordo com o jornal Prensa Libre, uma fonte próxima à família de Castillo informou que o jornalista mudou recentemente seu número de telefone depois de ter recebido ligações ameaçadoras de pessoas que tentaram extorqui-lo, mas que a família não estava ciente de questões relacionadas às suas coberturas. Garcia disse ao CPJ não acreditar que Castillo tivesse sofrido ameaças por suas reportagens.
O Ombudsman de Direitos Humanos da Guatemala, Jordán Rodas, pediu uma rápida investigação no Twitter e exortou o governo a implementar o Protocolo para a Proteção de Jornalistas.
Em 2013, o presidente da Guatemala prometeu criar um plano de proteção federal para jornalistas, mas o governo ainda não o colocou em prática.
Suchitepéquez e Quetzaltenango, perto da fronteira da Guatemala com o México, são historicamente pontos críticos de tráfico de drogas e violência, de acordo com a pesquisa do CPJ. Garcia disse ao CPJ que os jornalistas da região se envolvem em autocensura e, muitas vezes, têm medo de informar sobre questões locais porque temem retaliação e violência.
Em 2015, dois homens armados não identificados balearam e mataram o repórter do Prensa Libre, Danilo Zapon Lopez, e o jornalista da Radio Nuevo Mundo, Federico Salazar, quando eles caminhavam em um parque em Mazatenango. O deputado Julio Juárez Ramírez foi preso em janeiro de 2018 e atualmente está sendo julgado por supostamente ordenar os assassinatos. Juárez negou qualquer ligação com os homicídios, de acordo com o jornal independente Prensa Libre.