Cidade do México, 25 de abril de 2016–O jornalista mexicano Francisco Pacheco Beltrán foi assassinado a tiros na segunda-feira, enfrente a sua casa na cidade de Taxco, no estado de Guerrero, segundo informações da imprensa. Pacheco era repórter de vários jornais regionais e um colaborador habitual de uma estação de rádio.
“O ciclo de violência interminável contra os jornalistas mexicanos está devastando a imprensa local”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “As autoridades federais devem investigar exaustivamente o crime estilo execução de Francisco Pacheco Beltrán e esgotar todos os motivos possíveis, incluindo vínculos com seu trabalho jornalístico”.
Familiares de Pacheco afirmaram ao CPJ que a vítima foi atacada enfrente a sua casa por um número não identificado de agressores e recebeu dois tiros na nuca, hoje pouco após as 06h00 quando regressava a seu lar após levar uma de suas filhas ao terminal de ônibus.
Outra das filhas de Pacheco declarou ao CPJ que ela e sua mãe estavam em casa no momento do ataque. Indicou que escutaram ruídos que soaram como fogos de artifício e, após inspecionarem, encontraram o corpo sem vida de seu pai perto da porta de entrada da casa. Acrescentou ao CPJ que não havia nenhum rastro sobre o suposto autor ou autores.
As autoridades locais confirmaram ao CPJ que encontraram dois cartuchos de balas na cena do crime, mas disseram que aparentemente não houve testemunhas do assassinato.
Pacheco, de 55 anos de idade, cobria noticias locais para o diário Sol de Acapulco; era editor de Foro de Taxco, um semanário; e colaborava habitualmente com Capital Máxima, uma rádio radicada em Chilpancingo, capital do estado de Guerrero.
Pacheco também tinha um site onde com regularidade publicava artigos sobre violência e crime na região, que nos últimos anos aumentou devido ao crime organizado e o narcotráfico. A cidade vizinha de Iguala foi o epicentro do sequestro em massa e suposto assassinato de 43 estudantes em 2014, e tanto Taxco como Iguala foram cenário de uma violenta disputa entre grupos criminosos antagônicos.
Algumas informações da imprensa descreveram o trabalho de Pacheco como crítico das autoridades locais e em particular do prefeito de Taxco. No entanto, os familiares e colegas declararam ao CPJ que ele não havia recebido ameaças e não parecia preocupado por sua segurança.
Suas mais recentes colaborações para Capital Máxima referiram-se ao turismo em Taxco e a confusão social que gerou um incêndio. Pacheco também informou sobre violência na cidade costeira de Acapulco.
“Seu assassinato é muito surpreendente. Ele havia sido nosso colaborador durante muitos anos, mas nunca soube sobre ameaças que tenha recebido”, declarou ao CPJ Federico Sariñana, diretor do programa de notícias da rádio com o qual Pacheco colaborava.
O México é um dos países mais perigosos para a imprensa no mundo, segundo a investigação do CPJ. Pelo menos 36 jornalistas foram assassinados por seu trabalho desde que o CPJ começou a documentar estes casos em 1992. Outras várias dezenas morreram em circunstâncias pouco claras. O país figura como oitavo no Índice de Impunidade do CPJ de 2015, que destaca os países onde os jornalistas são assassinados e os responsáveis ficam livres.