CPJ condena prisão de jornalista cidadã cubana

Nova York, 22 de abril de 2014 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena o encarceramento de Juliet Michelena Díaz, membro de uma rede de jornalistas cidadãos e insta as autoridades cubanas a libertá-la imediatamente. Michelena foi detida em 7 de abril, dias depois de fotografar uma operação policial em Havana, segundo informações da imprensa e ativistas locais de direitos humanos.

“A detenção de Juliet Michelena Díaz ressalta a persistente intolerância dos funcionários cubanos com o jornalismo independente” afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Instamos as autoridades a retirar as acusações contra Michelena e libertá-la de forma imediata”.

Michelena é uma colaboradora da Rede Cubana de Comunicadores Comunitários, a RCCC, grupo de cidadãos críticos ao governo que tem sido perseguido pelas autoridades nos últimos meses, segundo um artigo de Martha Beatriz Roque Cabello, diretora da RCCC.

Roque afirmou a jornalistas que a detenção decorreu de um incidente em 26 de março, quando Michelena e outros colaboradores da RCCC foram testemunhas de como policiais utilizavam cães para terminar com uma briga entre moradores de Havana que resultou em uma pessoa mordida, segundo o jornal El Nuevo Herald, de Miami. Os participantes da confusão e vários observadores que fotografavam o incidente, incluindo Michelena, foram detidos brevemente, mas a jornalista conseguiu ocultar suas fotografias antes que os policiais pudessem confisca-las, segundo as informações.

Roque afirmou que as autoridades tornaram a prender Michelena quase duas semanas depois, quando souberam que ela havia guardado as fotos e estava escrevendo uma matéria relacionada, e a detiveram por ameaçar uma vizinha em uma briga anterior. O artigo foi publicado três dias depois de sua detenção no site Cubanet, da Flórida. Depois da publicação do artigo, as autoridades intensificaram as denúncias contra Michelena e a acusaram de “atentado”, que no código penal cubano geralmente se refere a um crime contra um funcionário do governo, segundo as informações.

O governo cubano tem evitado as detenções prolongadas de jornalistas nos últimos anos, ainda que continue com sua prática de detenções de curto prazo, segundo as pesquisas do CPJ. Uma exceção foi Calixto Ramón Martínez Arias, repórter da agência de notícias independe Centro de Información Hablemos Press, que passou quase sete meses preso por informar sobre um carregamento de remédios e equipamento que havia sido danificado. Ele foi libertado em abril de 2013.