Nova York, 1º de fevereiro de 2010 – Jorge Ochoa Martínez, editor e proprietário de meios de comunicação no estado de Guerrero, morreu na sexta-feira após ser atingido por um tiro no rosto, segundo os informes da imprensa. As autoridades mexicanas devem pôr fim ao ciclo de impunidade que cercam os ataques à imprensa e garantirem que os responsáveis pelo assassinato de Ochoa sejam levados a julgamento, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Ochoa foi assassinado na cidade de Ayutla de los Libres depois de sair da festa de aniversário de um político local, disseram ao CPJ um amigo e um colega de trabalho do jornalista. O porta-voz do governador de Guerrero informou ao jornal La Estrada no sábado que não havia pistas sobre o caso.
“A violência contra os meios de comunicação mexicanos, que é generalizada há muito tempo, se intensificou nas últimas semanas”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “As autoridades mexicanas devem quebrar o ciclo de impunidade nos assassinatos de jornalistas e punir todos os responsáveis pela morte de Ochoa. A violência está paralisando o trabalho da imprensa e está causando um dano duradouro à democracia mexicana”.
Ochoa era dono de dois jornais de pequena circulação: o semanário El Oportuno, na capital estadual Chilpancingo, e o jornal El Sol de la Costa em Ayutla de los Libres. Como as condições em Guerrero são perigosas e os crimes contra jornalistas geralmente não são resolvidos, os jornais evitam controvérsias e não abordam questões delicadas em profundidade, disse o jornalista Jaime Miranda, colega de Ochoa. Ele acrescentou que Ochoa nunca mencionou ter recebido ameaças, e havia mantido seu hábito de dirigir sozinho pela região para cobrir as notícias.
Juan García Castro, diretor de uma associação de semanários em Gerrero, afirmou que conhecia Ochoa havia 20 anos. “Nenhum dos jornais publica reportagens sobre os cartéis de droga ou sobre temas como policiais ou funcionários públicos corruptos”, disse Garcia ao CPJ.
Guerrero tornou-se um dos estados mais letais no México desde que dois cartéis de drogas iniciaram uma disputa pelo controle territorial, enquanto as forças estaduais e federais tentam manter a autoridade. No mesmo dia em que foi encontrado o corpo de Ochoa, sete pessoas foram assassinadas no estado com indícios que sugerem a participação do narcotráfico, segundo as informações da imprensa.
Ochoa é o terceiro jornalista mexicano assassinado em um mês. Em 20 de janeiro, o corpo do veterano repórter de rádio José Luis Romero, que havia sido sequestrado no final de dezembro, foi descoberto no estado de Sinaloa. Em 8 de janeiro, a polícia da cidade de Saltillo, estado de Coahuila, encontrou o corpo do jornalista Valentín Valdés Espinosa, que trabalhava em um jornal. Ambos foram sequestrados por grupos armados e torturados. Suspeita-se da participação de traficantes de drogas.
O México é um dos lugares mais perigosos para a imprensa, segundo as investigações do CPJ. Desde 1992, 44 jornalistas – incluindo Ochoa – foram assassinados, ao menos 19 deles em represália direta por seu trabalho. Oito estão desaparecidos desde 2005. A maioria cobria temas relacionados á criminalidade ou corrupção governamental.