Ex-patrulheiros seqüestram quatro jornalistas

Nova York, 27 de outubro de 2003 — O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) está indignado com o recente seqüestro de quatro jornalistas guatemaltecos. No domingo, 26 de outubro, ex-patrulheiros da Autodefesa Civil (Autodefensa Civil ­ PAC) seqüestraram os repórteres Freddy López e Alberto Ramírez, e os fotógrafos Emerson Díaz e Mario Linares, todos do matutino Prensa Libre da Cidade da Guatemala, no município de La Libertad, departamento de Huehuetenango.

Os ex-patrulheiros ­ forças paramilitares organizadas pelas forças armadas guatemaltecas para lutar junto ao governo durante a guerra civil de 36 anos, que terminou em 1996 ­ reivindicam que o governo pague por seus serviços.

No domingo, por volta das 11h00, López e Díaz viajaram a Huehuetenango para cobrir um ato de campanha do ex-ditador Efraín Rios Montt, que é candidato à presidência pelo governista Frente Republicano Guatemalteco (FRG). A caminho do ato, os jornalistas foram seqüestrados em um posto de controle ilegalmente mantido por ex-patrulheiros que protestavam pelo não cumprimento dos pagamentos por parte do governo.

Os ex-patrulheiros golpearam os repórteres após seqüestrá-los, de acordo com a Prensa Libre. Carlos Contreras, motorista dos jornalistas, fugiu da cena e ligou para o diário. Ramírez e Linares foram enviados ao local mais tarde, com os funcionários da Procuradoria de Direitos Humanos (PDH) num esforço para libertar os jornalistas. Pouco depois da chegada dos correspondentes ao lugar onde seus colegas haviam sido seqüestrados, se identificaram como jornalistas e foram imediatamente capturados pelos ex-paramilitares. Os trabalhadores de direitos humanos conseguiram escapar.

Os ex-patrulheiros exigem uma reunião com o governador de Huehuetenango, Carlos Morales, para apresentar as suas reivindicações. No começo dos anos oitenta, o governo guatemalteco organizou os patrulheiros para combater, junto com o exército, os rebeldes de esquerda durante a guerra civil, na qual cerca de 200 mil pessoas morreram. Os paramilitares foram oficialmente desarmados em 1995, mas muitos se recusaram a depor as armas e continuaram sendo acusados de sérias violações dos direitos humanos.

Hoje, Gonzalo Marroquín, diretor da Prensa Libre; Sergio Morales, Procurador dos Direitos Humanos; e Frank LaRue, diretor do Centro de Ação Legal para os Direitos Humanos viajaram para a região com o intuito de negociar com os ex-patrulheiros.

O seqüestro de quatro jornalistas aconteceu dois dias após o término de uma missão do CPJ de investigação na Guatemala, na qual a organização determinou que o país é um dos mais perigosos do hemisfério ocidental para exercer o jornalismo.