Nova York, 22 de outubro de 2010 – Um popular comentarista de rádio em Angola, cujas transmissões satíricas tem sido críticas ao governo, foi ferido a facadas esta manhã na capital do país, Luanda, de acordo com jornalistas locais e informações veiculadas pela imprensa.
Antonio Manual Manuel da Silva, mais conhecido como “Jójó”, estava indo para a casa por volta das 3h00 quando foi esfaqueado por um desconhecido que o confrontou sobre seu programa na emissora privada Rádio Despertar, de acordo com o diretor da rádio, Alexandre Neto, que conversou com testemunhas.
Em seu mais recente programa, Silva havia criticado o discurso à nação do presidente José Eduardo dos Santos no parlamento em 15 de outubro, informou Neto. Silva alegou que o discurso não abordou importantes questões, como corrupção e criminalidade em Luanda. O humorista recebeu ao menos duas ameaças de morte por mensagem de texto desde agosto, ambas relacionando-o a comentários críticos, acrescentou Neto.
Silva é o terceiro jornalista atacado desde setembro por criticar o governo, de acordo com a pesquisa do CPJ. Em 5 de setembro, homens armados assassinaram Alberto Graves Chakussanga, apresentador da Rádio Despertar. Em 22 de setembro, agressores dispararam e feriram o repórter Norberto Abias Sateko da emissora privada TV Zimbo, segundo os informes da imprensa. Nenhuma prisão foi efetuada. Telefonemas realizados para o porta-voz da polícia, Laureano Benge, solicitando comentários não tiveram retorno.
“Condenamos o esfaqueamento de nosso colega António Manuel Manuel da Silva. Este incidente é parte de uma alarmante série de ataques contra jornalistas angolanos que são críticos ao governo”, disse o Coordenador para a Defesa dos Jornalistas na África, Mohamed Keita. “Pedimos às autoridades angolanas que levem os perpetradores destes crimes à justiça”.
O programa de rádio em língua portuguesa de Silva, transmitido duas vezes por semana, é um dos mais populares do país, disseram ao CPJ jornalistas locais. O programa aborda temas políticos e socioeconômicos, levantando questões sobre o desempenho do governo.