O jornalista Godofredo Brito estava descendo de seu carro para fazer uma reportagem sobre um projeto público de calçamento em Cocal, quando o vereador Antônio Carlos Camelo de Pinho o atacou com uma faca e desferiu socos em seu rosto, no dia 23 de outubro (Reprodução: Facebook/Godofredo Brito)

Vereador ataca jornalista no Brasil

São Paulo, 7 de novembro de 2023—As autoridades brasileiras devem investigar o ataque de um vereador ao jornalista Godofredo Brito durante uma reportagem, no dia 23 de outubro, e responsabilizar os envolvidos, disse o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) na terça-feira.

Brito estava descendo de seu carro para cobrir um projeto público de calçamento no município de Cocal, no nordeste do Piauí, quando o vereador Antônio Carlos Camelo de Pinho o atacou com uma faca, tentou atingi-lo e desferiu vários socos no rosto do jornalista, de acordo com diversas notícias da imprensa e vídeos publicados na página de Brito no Facebook

Antônio Carlos Camelo de Pinho, apelidado de Carlão, é vereador em Cocal pelo PT. 

Brito, conhecido como O Fiscal do Povo, é um comunicador independente que cobre notícias na região de Cocal e as publica no Facebook e YouTube, canais que, juntos, reúnem 12.000 seguidores. Brito levou pontos no supercílio direito e registrou Boletim de Ocorrência na polícia no mesmo dia, ao qual o CPJ teve acesso. 

“A polícia civil e o Ministério Público devem investigar essa horrível agressão contra o jornalista Godofredo Brito e responsabilizar os culpados,” disse Cristina Zahar, coordenadora do CPJ para América Latina e Caribe. “É inaceitável que um funcionário público como um vereador use  a força física contra um jornalista para impedi-lo de informar sobre assuntos de interesse público.” 

Brito é um opositor do prefeito de Cocal, Raimundo Nonato Fontenele Cardoso, também do PT. O jornalista, que é um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, se lançou candidato a deputado estadual nas eleições de 2022 pelo PL, mesmo partido de Bolsonaro à época, e não foi eleito. 

O delegado Mayson Soares tem 30 dias a contar de 23 de outubro para concluir o inquérito e enviá-lo à justiça, quando só então o Ministério Público terá acesso ao caso, disse ao CPJ o procurador de Cocal, Herson Luis de Sousa Galvão Rodrigues. 

Soares disse ao CPJ que Carlão prestou depoimento na delegacia e foi liberado por não ter sido preso em flagrante. 

O presidente da Câmara Municipal de Cocal, Alci Márcio de Brito Silva Júnior, afirmou ao CPJ ser contrário a qualquer forma de violência, mas que a Câmara só fará um pronunciamento oficial após o fim da investigação. Ele acrescentou que o incidente era uma “coisa pessoal” entre Brito e Carlão. 

O CPJ ligou e mandou mensagens para Brito, mas não obteve resposta imediata.