Rio de Janeiro, 17 de novembro de 2022—As autoridades do estado de Rondônia, no norte do Brasil, precisam conduzir investigação rápida e minuciosa sobre o ataque a tiros contra a sede de Rondoniaovivo e adotar todas as medidas necessárias para garantir que a equipe do portal possa reportar com segurança, disse o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) na quinta-feira.
Por volta das 3h40 da manhã de sábado, 12 de novembro, um homem não identificado disparou vários tiros contra a sede do site privado de notícias Rondoniaovivo, na cidade de Porto Velho, capital do estado de Rondônia, segundo diversas notícias da imprensa, o chefe de redação do portal Ivan Frazão, e o proprietário Paulo Andreoli, que conversaram com o CPJ em entrevistas telefônicas separadas.
Os tiros atingiram e quebraram a porta da frente e janelas, mas não houve feridos porque o prédio estava vazio no momento, de acordo com a reportagem do Rondoniaovivo, um vídeo de câmera de segurança, Frazão e Andreoli.
Andreoli e Frazão disseram ao CPJ que acreditam que o ataque foi uma retaliação pela cobertura crítica feita pelo veículo sobre os protestos em Rondônia em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, que perdeu a reeleição em 30 de outubro. Andreoli disse que nos últimos dias vários comentários ofensivos foram postados no site do Rondoniaovivo, mas que não receberam nenhuma ameaça direta específica.
“As autoridades de Rondônia precisam investigar imediatamente o violento ataque à sede do Rondoniaovivo, responsabilizar os autores e adotar todas as medidas necessárias para garantir que os jornalistas do veículo possam continuar a trabalhar em segurança”, disse Natalie Southwick, coordenadora do programa para a América Latina e Caribe do CPJ, em Nova York. “O padrão preocupante de sucessivos assédios e intimidações de jornalistas que cobrem protestos de apoiadores de Bolsonaro em todo o Brasil representa uma ameaça à segurança dos jornalistas e à liberdade de imprensa.”
Andreoli disse que os policiais militares chegaram ao local por volta das 6 horas da manhã de sábado, 12 de novembro, e que ele entregou todas as imagens das câmeras de segurança para a Polícia Civil, mas que até quarta-feira, 16 de novembro, as autoridades não o haviam atualizado sobre a investigação.
“É um ato com motivação política. Foi um recado. A ‘pistolagem’ existe em Rondônia”, disse Andreoli. “Mas não vamos parar. Nosso jornalismo vai continuar. Com mais cuidado, mas vai continuar.”
O Rondoniaovivo, que foi fundado há 18 anos, cobre notícias gerais, segurança e policiamento, e é um dos principais veículos de notícias locais do estado, disse Frazão.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança e Defesa do Estado de Rondônia informou em e-mail ao CPJ que policiais militares chegaram ao local às 6h39 da manhã de sábado, 12 de novembro, e encontraram a sede de Rondoniaovivo cheia de marcas de balas e 20 cápsulas no local. O e-mail também afirmou que as investigações estão em andamento e que a polícia “identificou um suspeito de efetuar os disparos, resta confirmar com outros meios de provas”.
De acordo com uma declaração conjunta de 10 de novembro assinada por 14 organizações da sociedade civil, houve pelo menos 40 incidentes de ataques ou assédio contra jornalistas que cobriam os protestos pró-Bolsonaro após o segundo turno das eleições presidenciais em 30 de outubro.