Jornalistas das TVs Aratu e Band são vistos correndo após terem sido atacados por homens no estado da Bahia, Brasil, em 1º de fevereiro de 2022. (Imagem: YouTube/Band Jornalismo)

Equipes de emissoras brasileiras atacadas enquanto cobriam uma morte após confronto entre polícia e criminosos

Rio de Janeiro, 7 de fevereiro de 2022 – As autoridades brasileiras devem investigar rápida e minuciosamente as agressões aos funcionários de duas emissoras no estado da Bahia, e garantir que jornalistas que cobrem crime e segurança possam trabalhar de forma segura, disse o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) na segunda-feira.

Por volta das 11 horas do dia 1º de fevereiro, dois homens dispararam tiros de advertência contra as equipes de reportagem das emissoras de TV privadas locais TV Aratu e Band na cidade baiana de Salvador e agrediram um dos membros da equipe, de acordo com várias reportagens divulgadas e declarações das emissoras, que o CPJ conferiu.

A equipe da TV Aratu, composta pelo repórter Fabio Gomes e o cinegrafista Carlinhos Silva, e a equipe da Band, com o repórter Toni Júnior e o cinegrafista Jefferson Alves, estavam na área para cobrir um assassinato ocorrido naquela manhã, quando os homens dispararam para o alto, gritaram para eles saírem, e agrediram Alves, de acordo com aquelas reportagens, Gomes e Júnior, que conversaram com o CPJ em entrevistas por telefone.

Ambas as equipes saíram do local após o ataque e o relataram à Polícia Militar, que chegou de 15 a 20 minutos depois, mas não realizou nenhuma prisão nem identificou nenhum suspeito, disseram os jornalistas ao CPJ.

“As autoridades brasileiras devem investigar rigorosamente o ataque violento às equipes de jornalistas da TV Aratu e da Band, e romper com o padrão de impunidade nos crimes contra jornalistas”, disse em Nova York o diretor de programas do CPJ, Carlos Martinez de la Serna. “Os jornalistas que noticiam sobre crime e policiamento devem poder trabalhar com segurança, e sem medo de que sejam feridos ou sujeitos a intimidações”.

As equipes se preparavam para transmitir ao vivo da Rua Santa Teresa, onde alguém havia sido morto mais cedo naquele dia em tiroteio entre a polícia e membros de um grupo criminoso, quando foram atacados, relatou Gomes.

Júnior e Alves estavam perto da casa da vítima, quando os dois homens chegaram e dispararam “em direção ao ar, às paredes e [aos] carros na rua”, disse Júnior.

Ele disse que os homens deram uma coronhada em Alves, deram-lhe socos e e um chute nas costelas, e que ele e Alves correram do local, deixando seu equipamento para trás. Após a chegada da polícia, Júnior e Alves recuperaram sua câmera, que estava deitada no chão depois de aparentemente ter sido danificada pelos agressores, disse Júnior.

Em sua declaração, a Band informou que Alves foi encaminhado para uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento], mas passa bem.

Gomes afirmou ao CPJ que acreditava que o objetivo dos atacantes “não era matar a gente, era amedrontar. Mas me calar é pior porque vai dar direito a eles de tentar atacar qualquer equipe de imprensa e calar a gente. E isso não pode”.

“Esse tipo de agressão é pra intimidar o jornalista para que não façam a cobertura sobre o que acontece nessas comunidades”, disse Moacy Neves, presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia, em entrevista por telefone ao CPJ.

O CPJ enviou um e-mail para a Polícia Militar da Bahia para comentários, mas não recebeu nenhuma resposta.