A jornalista brasileira Bárbara Barbosa foi atacada recentemente, ao lado do repórter cinematográfico Renato Soder, na cidade de Florianópolis (SC). (Foto: Bárbara Barbosa)

Jornalistas brasileiros ameaçados e agredidos durante cobertura sobre confinamento devido à pandemia

Rio de Janeiro, 4 de novembro de 2020 – As autoridades brasileiras devem investigar prontamente o assédio à jornalista Bárbara Barbosa e ao operador de câmera Renato Soder e garantir que a imprensa possa trabalhar com segurança, declarou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Na manhã de 2 de novembro, na zona sul da cidade de Florianópolis, um grupo de cerca de nove homens e mulheres não identificados assediaram e ameaçaram Barbosa e Soder, funcionários da TV NSC, enquanto preparavam uma reportagem sobre o descumprimento do bloqueio da área devido à COVID-19, segundo reportagens e Barbosa, que falou ao CPJ em entrevista por telefone.

Um homem deu um tapa na mão de Barbosa enquanto ela segurava seu telefone, e uma mulher agarrou o telefone da jornalista enquanto outros homens a seguravam pelos pulsos, disse Barbosa ao CPJ. O grupo ameaçou quebrar a câmera de Soder e levar o telefone de Barbosa, a menos que parassem de filmar e deixassem a área, contou Barbosa.

Barbosa disse ao CPJ que a mulher devolveu o telefone após cerca de 10 minutos, e que ela e Soder deixaram o local. Barbosa disse que recebeu arranhões nos braços, mas não ficou gravemente ferida.

A Polícia Civil do Estado de Santa Catarina informou ao CPJ por e-mail que foi aberta uma investigação sobre o incidente. Barbosa e Soder prestaram depoimentos e dois suspeitos foram identificados.

 “É vital que os jornalistas possam reportar com liberdade e segurança todos os assuntos relacionados à pandemia de COVID-19 no Brasil”, disse o Diretor de Programas do CPJ, Carlos Martinez de la Serna, em Nova York. “As autoridades brasileiras devem investigar pronta e exaustivamente a intimidação e o assédio à jornalista Bárbara Barbosa e ao cinegrafista Renato Soder, e levar os responsáveis ​​à justiça”.

Barbosa e Soder planejavam cobrir o descumprimento, por parte de moradores, de decretos locais que restringem a atividade nas praias da cidade devido à pandemia de coronavírus, disse Barbosa.

Ela contou que tinham acabado de chegar à praia do Campeche quando o grupo se aproximou deles gritando que não podiam filmar ali. Barbosa disse que nenhuma das pessoas do grupo usava máscara. Depois que o telefone dela foi devolvido, um dos homens ameaçou Barbosa, dizendo: “Se tu publicar isso, eu vou te destruir”, relatou ela.

“A gente chega e já é esculachado. ‘Globo lixo’, ‘chora Globo’, ‘[o presidente] Bolsonaro vai destruir vocês’, e coisas desse tipo ”, disse Barbosa, cujo empregador é afiliado da emissora privada nacional TV Globo.

A jornalista também relatou ao CPJ que, após o incidente ser relatado pela mídia local, ela recebeu mensagens hostis em sua conta no Instagram, chamando-a de “ridícula” e dizendo-lhe para parar de cobrir o coronavírus e “caçar matéria de verdade”.