A cidade de Sete Lagoas, Brasil, em uma foto de 4 de fevereiro de 2014. A casa de um jornalista de rádio foi atacada a tiros na localidade em 9 de abril de 2020. (Foto AP / Bruno Magalhães)
A cidade de Sete Lagoas, Brasil, em uma foto de 4 de fevereiro de 2014. A casa de um jornalista de rádio foi atacada a tiros na localidade em 9 de abril de 2020. (Foto AP / Bruno Magalhães)

Atirador ataca a casa do radialista Vamberto Teixeira em Sete Lagoas

Rio de Janeiro, 15 de abril de 2020 – As autoridades brasileiras devem investigar rápida e minuciosamente o ataque a tiros na casa do jornalista de rádio Vamberto Teixeira e responsabilizar os autores, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Na noite de 9 de abril, logo após as 21:00, um pistoleiro não identificado atirou contra a casa de Teixeira na cidade de Sete Lagoas, no estado de Minas Gerais, na região sudeste do país, de acordo com o relato de Teixeira e o boletim de ocorrência que o CPJ analisou. Teixeira disse ao CPJ por telefone que, depois do tiroteio, saiu para ver o que havia acontecido e encontrou cinco buracos de bala no portão.

“Estávamos em casa eu, minha esposa, meu filho de quatro anos, e minha mãe. Foi assustador. Por sorte a gente estava na cozinha. Ouvimos os barulhos dos tiros. Foram cinco disparos e as balas atravessaram o portão e chegaram no pátio da garagem”, contou ao CPJ.

Teixeira acrescentou ao CPJ que ligou imediatamente para o número de emergência da polícia e uma unidade da polícia militar chegou a sua casa mais tarde naquela noite, registrou o incidente e recolheu os cartuchos de bala. Teixeira também falou que os vizinhos que testemunharam o que houve lhe disseram que o tiroteio foi feito a partir de um veículo. As testemunhas o informaram que o motorista diminuiu a velocidade na frente de sua casa enquanto alguém, no banco de passageiros, atirou várias vezes, completou Teixeira.

Segundo Teixeira, apenas uma unidade de polícia militar, que não possui poderes de investigação e consiste apenas de uma unidade de patrulha e primeira resposta, foi até sua casa na noite do ataque. Ele informou ao CPJ que a polícia civil – o ramo responsável por investigações criminais no Brasil – não foi ao local e não o procurou nem a ninguém da sua família desde então. Ele disse ao CPJ que não tem certeza se eles estão investigando o caso.

“A polícia civil de Minas Gerais deve investigar minuciosamente o alarmante ataque a tiros na casa do jornalista de rádio Vamberto Teixeira, levar os responsáveis ​​à justiça e tomar todas as medidas necessárias para garantir a segurança dos jornalistas”, disse em Nova York a coordenadora do programa do CPJ para as Américas Central e do Sul, Natalie Southwick. “O assédio e a intimidação de jornalistas apenas dificultam o acesso dos brasileiros a informações sobre questões de interesse público”.

Teixeira apresenta um noticiário diário na Rádio Musirama, estação de rádio comercial que atinge 150 cidades, onde trabalha desde 1995. E é proprietário do site de notícias Folha de Sete Lagoas, fundado em 2018, que publica uma edição impressa mensal. Teixeira disse ao CPJ que, em ambos os meios de comunicação, informa sobre notícias gerais, que vão de política local ao esporte.

“Tenho 25 anos de profissão. Foi a primeira vez que aconteceu comigo e, que eu saiba, a primeira vez aqui em Sete Lagoas, que é uma cidade bem tranquila. Eu nunca tinha sofrido nenhum ataque nem recebido nenhuma ameaça”, ele declarou ao CPJ.

O CPJ telefonou para duas unidades da polícia civil que respondem a ocorrências em Sete Lagoas e enviou um e-mail para a sede da polícia em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, mas não recebeu nenhuma resposta.

O boletim de ocorrência da polícia militar, revisado pelo CPJ, confirma a data e a hora dos eventos e afirma que os cartuchos apreendidos no local foram entregues à unidade da polícia civil local.

Em resposta ao pedido do CPJ, a assessoria de imprensa da prefeitura da cidade de Sete Lagoas informou por e-mail que a prefeitura “repudia qualquer tentativa de intimidação por meio de violência” e que as autoridades “aguardamos a investigação desejando que a mesma seja concluída o quanto antes e que o responsável – ou responsáveis – sejam identificados e punidos”.