Policiais caminham em frente ao departamento de homicídios no Rio de Janeiro, Brasil, em 13 de março de 2019. O jornalista Romário Barros foi morto recentemente em Maricá, no estado do Rio de Janeiro. (Reuters / Lucas Landau)
Policiais caminham em frente ao departamento de homicídios no Rio de Janeiro, Brasil, em 13 de março de 2019. O jornalista Romário Barros foi morto recentemente em Maricá, no estado do Rio de Janeiro. (Reuters / Lucas Landau)

Jornalista brasileiro Romário Barros é baleado e morto em Maricá

São Paulo, 20 de junho de 2019 – As autoridades da cidade de Maricá, no estado do Rio de Janeiro, devem investigar minuciosamente o assassinato do jornalista Romário Barros e determinar se o ataque está vinculado ao seu jornalismo, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

No dia 18 de junho, por volta das 19 horas, um homem mascarado atirou em Barros, proprietário e repórter do site de notícias locais Lei Seca Maricá, pelo menos três vezes antes de entrar em um carro e ir embora, segundo o jornal O Globo. Barros morreu no local, segundo o diário.

Nenhum dos pertences de Barros foi levado, e uma reportagem do jornal O Dia informou que a polícia acredita que a morte foi encomendada.

A polícia do estado do Rio de Janeiro divulgou uma declaração, examinada pelo CPJ, dizendo ter aberto uma investigação sobre o assassinato. A polícia não respondeu a telefonemas nem às perguntas adicionais enviadas por e-mail pelo CPJ.

O assassinato acontece 24 dias depois que Robson Giorno, dono do site de notícias Jornal O Maricá, foi morto na mesma cidade, como informou o CPJ na ocasião. O CPJ não determinou se o assassinato de Giorno está relacionado ao seu trabalho. A polícia não anunciou prisões em nenhum dos casos.

“A morte de dois jornalistas em menos de um mês em Maricá é escandalosa, e certamente terá um efeito inibidor em outros repórteres locais se as autoridades não tomarem as medidas apropriadas”, disse Natalie Southwick, coordenadora do Programa das Américas Central e do Sul do CPJ, na Cidade do México. “As autoridades devem investigar se o assassinato de Romário Barrio está relacionado a suas reportagens e tomar providências céleres para levar os responsáveis ​​à justiça.”

O repórter de 31 anos fundou o Lei Seca Maricá em 2010, disse Paulo de Almeida Celestino, presidente da Associação de Imprensa de Maricá, da qual Barros foi membro fundador. O site cobre crime local, transporte, cultura e notícias políticas.

“Ele morava lá na delegacia de polícia. Eles eram parceiros; quando eles saíam em uma batida, ligavam para ele e diziam: ‘Vamos prender alguém, você pode vir junto'”, contou Marcelo Bessa, jornalista local e amigo de Barros, ao CPJ por telefone. “E assim, ele sempre foi o primeiro na cena do crime.”

“Ele dizia o que tinha a dizer e isso enfurecia algumas pessoas, mas não ficava com medo”, disse Celestino ao CPJ. Ele disse que Barros nunca mencionou receber ameaças.

A pesquisa do CPJ mostra que a violência letal no Brasil atinge os jornalistas de cidades menores ou do interior com mais frequência do que seus colegas nos principais centros urbanos.