A Igreja da Candelária ao pôr do sol no Rio de Janeiro, Brasil, em 16 de novembro de 2017. Um radialista brasileiro foi baleado em um ataque enquanto dirigia no estado de Rondônia em 20 de abril de 2018, segundo a imprensa. (AFP / Leo Correa)
A Igreja da Candelária ao pôr do sol no Rio de Janeiro, Brasil, em 16 de novembro de 2017. Um radialista brasileiro foi baleado em um ataque enquanto dirigia no estado de Rondônia em 20 de abril de 2018, segundo a imprensa. (AFP / Leo Correa)

Apresentador de rádio brasileiro baleado enquanto dirigia

São Paulo, 24 de abril de 2018 – As autoridades brasileiras devem conduzir uma investigação rápida e confiável sobre o atentado a tiros contra o comunicador Hamilton Alves no estado de Rondônia e levar seus agressores à Justiça, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Alves estava dirigindo do trabalho, na cidade de Jaru, para sua cidade natal Ouro Preto do Oeste em 20 de abril, quando, aproximadamente às 14h00, duas pessoas em uma motocicleta dirigiram ao lado dele e dispararam pelo menos seis balas em sua picape Chevrolet S10, segundo reportagens no site da emissora e Valney Calixto, policial encarregado da investigação.

O jornalista foi atingido pelo menos quatro vezes na boca e no peito antes de seu carro desviar da estrada e colidir, segundo as informações e fotos da cena republicadas no site de notícias Anoticiamais.

Alves passou por cirurgias, primeiro no hospital local e depois em um hospital na capital do estado, Porto Velho, disse Calixto.

“As autoridades em Rondônia devem conduzir uma investigação completa sobre o ataque a Hamilton Alves e levar os responsáveis ​​à Justiça”, disse em Nova York o Diretor de Programas do CPJ, Carlos Martínez de la Serna. “Repórteres nos estados majoritariamente rurais do Brasil enfrentam ameaças fatais simplesmente por informar suas audiências, e as autoridades devem agir para mostrar que tais tentativas de silenciar jornalistas não serão toleradas”.

“Ele é um jornalista muito combativo e é lógico que estamos focando nossa investigação nesse aspecto”, disse Calixto ao CPJ. “Ele não tinha disputas pessoais que conheçamos, por isso estamos nos concentrando em questões relacionadas ao seu trabalho.”

O colega do comunicador, Rangner Andrade, disse que seu amigo é conhecido por abordar temas controversos, mas nunca mencionou ter sido ameaçado antes.

Alves, que se recusou a falar com o CPJ, disse a seus colegas que a tentativa de homicídio não faria com que ele alterasse seu trabalho.

“Nada mudou, apenas me dá mais energia para trabalhar, sou um cara que não tem medo de falar a verdade”, disse ele em entrevista ao seu empregador, Nova Jaru FM, após o ataque. “Eu conversei com minha família; se eu morrer por causa do meu trabalho, cumpri minha missão como jornalista. A polícia está investigando e tenho certeza de que vão encontrar as pessoas que ordenaram e tentaram executar o assassinato e vão prendê-los.”

Nos últimos cinco anos, Alves trabalhou como âncora na estação de rádio baseada em Jaru. O jornalista apresenta um programa de entrevistas diário, “Abrindo o Jogo”, no qual recebe ligações de ouvintes que relatam exemplos de corrupção e divulga notícias apuradas por Andrade.

“Ele fala sobre elas [acusações de corrupção] e diz o que outras pessoas não vão dizer”, disse Andrade ao CPJ por telefone.

O programa de Alves vai ao ar do meio-dia até 13h30 em mais de 20 cidades do estado.

Este é o segundo atentado a tiros em Rondônia que o CPJ documentou este ano. Em janeiro, o repórter Ueliton Bayer Brizon foi baleado e morto quando levava sua esposa para trabalhar na cidade de Cacoal, documentou o CPJ na época. O CPJ ainda está investigando para determinar se o jornalismo foi o motivo de seu assassinato.