Um visitante do parque está envolto em uma bandeira brasileira sobre uma janela natural de pedra no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros em Alto Paraíso, Brasil, em março de 2018. Pelo menos um atirador não identificado disparou contra as dependências do Jornal dos Bairros em 25 de março, segundo as reportagens. (Reuters / Ueslei Marcelino)
Um visitante do parque está envolto em uma bandeira brasileira sobre uma janela natural de pedra no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros em Alto Paraíso, Brasil, em março de 2018. Pelo menos um atirador não identificado disparou contra as dependências do Jornal dos Bairros em 25 de março, segundo as reportagens. (Reuters / Ueslei Marcelino)

Sede de jornal brasileiro baleada por atirador não identificado

São Paulo, 27 de março de 2018 – As autoridades brasileiras devem investigar imediatamente um recente atentado contra os escritórios do semanário independente Jornal dos Bairros, no Paraná, e levar os responsáveis à justiça, informou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Um pistoleiro não identificado disparou, por volta da meia-noite do dia 25 de março, pelo menos três tiros contra a sede do jornal na cidade de Paranaguá, quando a edição da semana ia ser impressa, de acordo com o editor do semanário, Gilberto Fernandes.

O Jornal dos Bairros informa principalmente sobre política local; Fernandes disse ao CPJ que já havia recebido ameaças anônimas relacionadas à cobertura do jornal.

“As autoridades brasileiras devem agir rapidamente para levar os responsáveis pelo ataque às dependências do Jornal dos Bairros à justiça e mostrar que os atentados à mídia não serão tolerados”, disse Natalie Southwick, pesquisadora associada do CPJ para a América Central e do Sul. “Este ato mais recente de violência é um lembrete gritante que o Brasil continua sendo um dos países mais perigosos da América Latina para os jornalistas.”

Um porta-voz da polícia civil do Paraná, que se recusou a fornecer seu nome, disse que uma investigação sobre o atentado está em andamento.

Fernandes declarou ao CPJ que estava em sua casa, que fica ao lado do escritório do Jornal dos Bairros, quando ouviu tiros.

O editor contou que acompanhou pelas câmeras de circuito fechado, dentro de sua casa, enquanto o atirador disparava contra o prédio do jornal. “Três [tiros] atingiram a porta de metal e quebraram a segunda porta de vidro [na entrada do prédio]. Se eu estivesse trabalhando, teria sido atingido pela bala ou pelos estilhaços de vidro”, disse ao CPJ. Alguém em um carro prateado transportou o atirador para e da cena, segundo Fernandes.

O editor falou ao CPJ que já havia recebido ameaças relacionadas à cobertura de notícias locais do jornal. Em setembro de 2017, um homem telefonou anonimamente para a casa de Fernandes e disse à filha dele que iria bater em seu pai, disse o jornalista. Em maio de 2017, um amigo avisou Fernandes que um grupo político que não gostava dos artigos do Jornal dos Bairros havia falado em atirar em seus escritórios. Fernandes afirmou que não denunciou as ameaças às autoridades.

“Temos uma linha editorial independente; fazemos o básico do jornalismo; ouvimos todos os lados e depois escrevemos os fatos. Não importa se é um professor, um prefeito ou um coletor de lixo falando”, disse Fernandes.

O Jornal dos Bairros é distribuído todas as segundas-feiras em Paranaguá e nas cidades vizinhas de Morretos, Antonina, Guaraqueçaba e Curitiba, explicou Fernandes.

Em janeiro deste ano, dois jornalistas brasileiros foram mortos em um período de uma semana. A impunidade é generalizada no país, que ocupa o oitavo lugar no Índice de Impunidade do CPJ, e onde as autoridades não condenam ninguém pelo assassinato de um jornalista desde 2015.