São Paulo, 2 de março de 2015 – As autoridades brasileiras devem investigar imediatamente o assassinato do radialista Ivanildo Viana, identificar o motivo, e levar os assassinos à justiça, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
“Os jornalistas no Brasil têm enfrentado uma onda de violência letal nos últimos anos e, na maioria dos casos, os assassinos ficaram impunes”, disse em Nova York o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades brasileiras devem investigar por completo este crime e examinar todos os motivos possíveis”.
Agressores não identificados em uma motocicleta perseguiram Viana, que estava em sua própria moto, e atiraram várias vezes, informou o noticiário citando a polícia. Seu corpo foi encontrado ao lado da estrada que liga Santa Rita a João Pessoa, capital do estado da Paraíba. Segundo a polícia, nenhum de seus pertences, incluindo sua motocicleta, foi levado.
“Não é um trecho particularmente perigoso da estrada. Não há histórico de assassinatos ou roubos lá, e é por isso que nós pensamos que foi um homicídio, talvez por causa de seu trabalho ou por causa de uma disputa que teve com alguém “, disse ao CPJ o policial da patrulha rodoviária federal Heber Rommel.
Viana, 51 anos, já havia trabalhado em dois programas de televisão e três estações de rádio diferentes antes de se juntar a 100,5 FM Líder cerca de 20 anos atrás, disse ao CPJ o seu colega José Antonio Borges. Viana apresentava um programa diário chamado “100% Você”, entre 9h00 e 11h30, no qual falava com ouvintes que participavam por telefone, tocava música, e opinava sobre as notícias do dia.
“Ele fazia campanhas pedindo doações, e ele realmente tentou ajudar as pessoas”, disse Borges, que tem um programa na emissora no período da tarde. “Ele era muito popular e muito amado.”
Borges disse ao CPJ que o radialista não havia relatado quaisquer ameaças ou assédio.
Viana muitas vezes falou favoravelmente sobre o programa de meia hora sobre política que se seguia ao seu, e que é apresentado pelo deputado federal Damião Feliciano, que também era amigo de Viana, segundo jornalistas locais e o assessor de Feliciano. A esposa de Feliciano, que é vice-governadora do estado, e o governador divulgaram um comunicado condenando o assassinato de Viana e disseram que iriam fazer todo o possível para resolver o caso rapidamente.
O oficial encarregado da investigação disse ao CPJ que não tinha pistas. “Estamos considerando todas as linhas de investigação”, disse o detetive Everaldo Barbosa.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba condenou o assassinato de Viana e pediu à polícia que acelere a investigação. “Depois de três dias, o inquérito policial ainda não tem nenhum suspeito ou motivo”.
Jornalistas na Paraíba raramente são alvo por seu trabalho, de acordo com Rafael Freire, presidente do Sindicato dos Jornalistas do estado. Outras partes do país têm visto um aumento na violência letal contra a imprensa nos últimos anos, de acordo com a pesquisa do CPJ. Em dezembro, o crítico blogueiro Marcos de Barros Leopoldo Guerra foi morto a tiros em sua casa, no litoral norte do estado de São Paulo. Pelo menos 13 jornalistas foram assassinados em represália direta por seu trabalho desde 2011, quando a presidente Dilma Rousseff assumiu o cargo, de acordo com a pesquisa do CPJ.
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