Nova York, 26 de dezembro de 2014- As autoridades brasileiras devem investigar minuciosamente o assassinato de um blogueiro brasileiro na terça-feira e levar os responsáveis à justiça, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas. Marcos de Barros Leopoldo Guerra, que escrevia um blog crítico em Ubatuba, cidade no litoral norte do estado de São Paulo, foi morto a tiros em sua casa, de acordo com informações da imprensa.
Guerra, 51, era um jornalista e advogado que escrevia o blog Ubatuba Cobra, que fazia alegações de corrupção e era críticos a autoridades locais, segundo a imprensa. Guerra foi morto na noite de terça-feira por agressores não identificados que estavam em uma moto, segundo as informações da imprensa.
Os agressores abriram fogo contra Guera de fora da casa através da janela da cozinha, informou a imprensa. O pai do blogueiro disse que ele estava em casa quando ouviu o som de uma motocicleta acelerando e vários tiros, segundo as informações da imprensa. Guerra morreu após ser atingido por balas no rosto, costas e abdômen.
“Nós condenamos o assassinato de Marcos de Barros Leopoldo Guerra, que é o lembrete mais recente do extremo perigo enfrentado pelos jornalistas brasileiros que cobrem corrupção”, disse o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades devem levar os responsáveis à Justiça e garantir que os jornalistas possam realizar reportagens críticas sem medo de retaliações”.
Os investigadores estão considerando o trabalho de Guerra como um possível motivo para o crime, de acordo com as reportagens da imprensa. Moradores disseram que Guerra havia recebido ameaças pelos artigos em seu blog, segundo as matérias veiculadas. Em um de seus últimos posts, Guerra questionou as autoridades locais sobre supostos desvios de fundos públicos. “Uma das hipóteses que estamos investigando é que o crime possa ter sido motivado por uma das publicações dele no blog”, disse à imprensa brasileira o chefe da polícia civil de Ubatuba, Fausto Cardoso.
Vinte e nove jornalistas foram mortos no Brasil em decorrência direta por seu trabalho desde que o CPJ começou a registrar os casos em 1992. Em 6 de maio, o CPJ lançou um abrangente relatório sobre o clima da liberdade de imprensa no Brasil. O informe examina o histórico do Brasil em matéria de impunidade em assassinatos de jornalistas; violência contra jornalistas; e censura pelos tribunais; e liberdade na Internet. Uma delegação do CPJ entregou à presidente Dilma Rousseff as recomendações do relatório.