Nova York, 9 de novembro de 2012 – As autoridades cubanas acusaram, na quarta-feira, a jornalista Yaremis Flores de crimes contra o Estado relacionados com seus artigos críticos ao governo. Sua prisão gerou duas ondas de protestos e detenções em frente a uma delegacia de polícia em Havana. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas insta as autoridades a retirar prontamente as acusações contra Flores.
Flores, que também é advogada e já atuou como juíza, havia noticiado as recentes detenções de jornalistas e as críticas de moradores locais à resposta do governo ao furacão Sandy em artigos publicados pelo site de notícias Cubanet, sediado em Miami. Na tarde de quarta-feira, por volta das 14h00, ela foi presa e acusada de “divulgar informação falsa contra a paz internacional” sob o artigo 115 do Código Penal, segundo o presidente da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, Elizardo Sánchez Santa Cruz, e a advogada e blogueira Laritza Diversent.
Um grupo de jornalistas e ativistas foi a uma delegacia de polícia em Havana no final da tarde para obter informações sobre o paradeiro de Flores. Pelo menos 11 pessoas foram presas, incluindo Diversent, de acordo com a comissão de direitos humanos.
No dia seguinte, outro grupo de jornalistas e dissidentes foi até a delegacia de polícia para protestar contra as detenções. Ao menos 16 foram presos, incluindo os blogueiros Yoani Sánchez, Orlando Luís Pardo, Eugenio Leal, Julio Aleaga, Angel Santiesteban e os jornalistas Guillermo Fariñas e Iván Hernández Carrillo, segundo a comissão de direitos humanos.
Pouco antes de ser detida, Yoani Sánches disse ao CPJ que os protestos eram pacíficos, mas que policiais à paisana estavam tentando intimidar os manifestantes. Um vídeo feito pela agência de notícias independente Hablemos Press mostra Yoani Sánchez e outros manifestantes discutindo com os agentes antes de serem detidos.
Os manifestantes, com exceção de um, foram libertados na quinta-feira. Diversent disse ao CPJ que foi mantida por 23 horas em condições insalubres.
“As autoridades cubanas anunciam reformas, mas ainda tratam a simples crítica ao governo como crime” disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Yaremi Flores deve ser libertada imediatamente, as acusações contra ela devem ser retiradas, e qualquer manifestante ainda detido deve ser liberado”.
Yoani Sánchez foi brevemente detida em outubro junto com seu marido, o jornalista Reinaldo Escobar, e o blogueiro Augustín Díaz. Eles estavam indo cobrir um julgamento relacionado com a morte do dissidente Oswaldo Payá em um acidente de carro.
Apesar de um número menor de detenções prolongadas de jornalistas nos últimos anos, Cuba permanece sendo um dos países onde há mais censura no mundo, segundo a pesquisa do CPJ. O governo persegue jornalistas críticos através do uso de prisões arbitrárias, detenções de curtos prazo, espancamentos, campanhas de difamação e vigilância, de acordo com a pesquisa do CPJ.