Nova York, 6 de abril de 2011 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou hoje as forças de segurança de Honduras a interromper seus ataques contra jornalistas ou as proibições para que cubram os protestos sociais no país. Os ataques foram registrados durante uma greve de professores que se tornou violenta.
Professores, camponeses e ativistas antigovernamentais que pedem reformas educativas e um aumento de salários na capital, Tegucigalpa, enfrentaram a polícia, segundo informou a agência Associated Press. Os confrontos, que deixaram um saldo de ao menos um professor morto e dezenas de manifestantes feridos, se estenderam para outras regiões do país, de acordo com as informações da imprensa local. Integrantes do grupo antigovernamental conhecido como Frente Nacional de Resistência Popular, formada depois da derrubada do ex-presidente Manuel Zelaya em junho de 2009, solicita o retorno do líder exilado.
“Estamos alarmados com os ataques contra jornalistas hondurenhos e com a quantidade de feridos”, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “As autoridades devem garantir que os jornalistas possam cobrir os protestos e realizar uma investigação minuciosa sobre os abusos das forças de segurança para processar os responsáveis”.
Ao menos sete jornalistas foram perseguidos, detidos e vítimas de violentos ataques nas últimas semanas, enquanto cobriam os distúrbios em Honduras, de acordo com a pesquisa do CPJ
- Em 22 de março, efetivos da polícia nacional lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra o veículo onde viajava o diretor da Rádio Globo de Tegucigalpa, David Romero, e a repórter Lidieth Díaz do Canal 36 de televisão. Ambos entrevistavam manifestantes, segundo um comunicado divulgado pela relatoria para a liberdade de expressão da Organização dos Estados Americanos.
- Em 30 de março, uma bala de atingiu de raspão o queixo do repórter David Corea Arteaga quando a polícia nacional atacou um grupo de jornalistas que cobria uma manifestação similar no departamento [estado] de Colón, segundo o Comitê pela Livre Expressão (C-Libre), grupo local de defesa da liberdade de expressão. Corea é jornalista do canal a cabo Centro de Notícias de Colón.
- A polícia deteve Pedro López, correspondente da Radio Progreso, enquanto ele cobria um protesto em Potrerillos, no departamento de Cortés, no norte do país, em 30 de março, segundo as informações da imprensa. López, que estava transmitindo ao vivo via celular, foi detido durante quatro horas em uma delegacia de polícia local. Segundo a revista online Revistazo, López foi libertado pela polícia “por se darem conta que ele estava fazendo seu trabalho como correspondente”.
- Em 25 de março, dois jornalistas do Canal 36 de televisão ficaram feridos quando cobriam manifestações sociais em Tegucigalpa. O jornalista Richard Cásula recebeu tratamento em um hospital local após ter inalado gás lacrimogêneo, assim como o fotógrafo Salvador Sandoval, ferido no rosto após ser atingido por um frasco de gás lacrimogêneo, informou o C-Libre.
- Em 21 de março, o cinegrafista da Globo TV, Uriel Rodríguez, foi ferido com balas de borracha em ambas as pernas enquanto a polícia tentava dispersar um protesto de professores, disse o C-Libre.